quinta-feira, 17 de agosto de 2017

321ª Nota - O futuro do Movimento Tradicionalista


Gostem ou não, o futuro do movimento tradicionalista está em grande parte unido ao da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, pelo menos nos seus atuais membros. Nestes tempos de crise da Igreja são eles que têm as vocações sacerdotais, e, como tais, são eles os valentes de Israel.

Como um míssil lançado fora da sua trajetória por uma má pontaria, estas vocações, sacerdotes e seminaristas, avançam com toda rapidez na direção de uma reconciliação com os inimigos da Igreja. Nada agradaria mais aos modernistas e ao demônio. Quase toda a energia, toda a força da fé católica concentradas em um exército que não luta.

Assim, é inevitável que muitos membros da Fraternidade terminem se rendendo ao Novus Ordo de uma forma ou outra. É provável que a Fraternidade conclua um acordo com o Novus Ordo, que obtenha o “reconhecimento” nos termos considerados por ela como mais aceitáveis que os do acordo com a Fraternidade São Pedro, e que se veja assim absorvida pela religião modernista. Em minha opinião, tal acordo provocaria a defecção de 20% de seus atuais aderentes, que sairiam e se reagrupariam, porém somente para recomeçar o mesmo processo [Nota do blogue: Bingo! Isso se realizou, e sem necessidade de acordo, na Fraternidade de Dom Williamson e seus seguidores, que por sua vez já está implodindo.]. Estes retomarão a tocha do lefebvrismo, de uma absurda teologia da Igreja, um pé em cada uma das duas religiões, católica e modernista, continuando o filtro de documentos e decretos do Vaticano. E inevitavelmente, este grupo de 20%, devido às tensões e contradições explodirá outra vez.

O verdadeiro futuro do movimento tradicionalista, que é também o futuro da resposta católica ao inimigo modernista, encontra-se na posição católica sobre a autoridade papal e da natureza da Igreja Católica. É por isso que considero da mais urgência e suprema necessidade que nós, sacerdotes e leigos, que não queremos compromissos com o inimigo, trabalhemos juntos no estabelecimento de seminários católicos. E não é menos importante que os jovens que saem de nossas “paróquias” renunciem aos múltiplos atrativos do mundo e se ofereçam à Igreja pelo santo sacerdócio. Se faltarmos com este dever – formar sacerdotes católicos adequada e corretamente preparados –, faltamos com Deus em não ter protegido o nosso bem mais precioso: nossa Fé Católica. E este tesouro sagrado que nos foi transmitido com um zeloso cuidado por nossos ancestrais, às vezes pelo preço de seu próprio sangue, será, por nossa negligência, lançado como migalhas aos cachorros modernistas.

Não podemos nos subtrair do dever de formar sacerdotes católicos que em nossa época pensam correta e justamente, saibam quem é o inimigo da Igreja, onde está e desejam combatê-lo com zeloso e sagrado ardor, ao invés de firmar um compromisso com ele. Se faltarmos com este dever, receberemos o que merecemos: essas capelas e escolas que nos preservaram com tanto esmero e esforços do modernismo serão tomadas pelas mãos de sacerdotes – ainda que validamente ordenados – que traíram a pureza da Fé Católica, fazendo-se reconhecer pelos hereges modernistas.

(Excerto de “A Montanha de Gilboa – O caso da Fraternidade São Pio X”, por Dom Donald J. Sanborn, 1995, http://www.catolicosalerta.com.ar/fraternidadspx/gelboe.htm)