quinta-feira, 10 de setembro de 2015

47ª Nota - Considerações sobre o Limbo


“Quanto à duração do Limbo, não há dúvida de que não conhecerá termo, já que, conforme um princípio geral e firme da teologia, a morte assinala a cada indiví­duo o seu estado definitivo. Admitir que as almas do Limbo possam pas­sar para a Bem-aventurança celeste é contradizer a esta verdade assim como à tese, constante na Tradição Cristã, de que é preciso ao menos o Batismo de desejo para entrar no Céu.

Positivamente, completando o quadro de bem-aventuranças do Limbo, Léssio (+1623) julga que as almas aí possuem um conhecimento insigne das realidades materiais e espirituais; assim iluminadas, amam, louvam e agradecem ao Criador por toda a eternida­de: 'Na renovação (final) dar-se-á aos pequeninos um conhecimento muito mais perfeito do que o que possuímos nesta vida. E isto para que aquela inu­merável multidão de crianças não seja ociosa den­tro dos seus limites, nem pareça estar em vão no mundo, mas, conhecendo a si e às outras criatu­ras, reconheçam claramente Aquele que as criou e criou o mundo inteiro; conhecendo, O amarão, O louvarão e por toda a eternidade Lhe darão graças pelos benefícios recebidos' (De perfectionibus divi­nis 1. XII c. XXII n. 144s. Parisiis 1881. 444).


O mencionado Cardeal Sfrondati chega a sustentar que a inocência pessoal, ja­mais per­dida pelas criancinhas do Limbo, constitui, da parte de Deus, um benefício maior do que a Graça Sobrenatural em certos casos, pois esta não raro é dada depois do peca­do pessoal: 'Esse benefício da inocência pessoal e da isenção do pecado é tão grande que as criancinhas preferi­riam ser privadas da Glória Celeste a cometer um só pecado; e todo cristão deve pensar assim. Por conseguinte, não há motivo de nos queixarmos ou afligirmos a respeito desses pequeninos, mas con­vém antes louvar e agradecer a Deus a propósito dos mesmos' (Nodus praedestinationis dissolutus. Romae 1687, 120).”