Quantos naufragaram por
dar crédito às novidades profanas!
S. PIO X:
Vivemos - ai de nós! - num tempo em que se acolhem e adotam com grande
facilidade certas idéias de conciliação da Fé com o espírito moderno, idéias
que levam muito mais longe do que se pensa: não somente ao enfraquecimento mas
à perda total da fé. Não mais causa espanto ouvir pessoas que se deleitam com
as palavras muito vagas de aspirações modernas, de força do progresso e da
civilização, afirmando a existência de uma consciência laica, de uma
consciência política, oposta à consciência da Igreja, contra a qual, por
direito e por dever, se pretende reagir para corrigi-la e reerguê-la. Não
provoca estranheza encontrar pessoas que exprimem dúvidas e incertezas sobre as
verdades, e mesmo afirmam obstinadamente erros manifestos, cem vezes
condenados, e que apesar disso se persuadem de não se terem nunca afastado da
Igreja, porque algumas vezes seguiram as práticas cristãs. Ó! quantos
navegadores, quantos pilotos e — Deus não o permita — quantos capitães, que,
por darem crédito às novidades profanas e à ciência mentirosa do tempo, em
lugar de chegarem ao porto naufragaram! — (Alocução de 27-V-1914, por ocasião
da imposição do barrete aos novos Cardeais).
Não se favoreçam
associações operárias mistas onde elas possam ser católicas
S. PIO X: Quanto
às associações operárias, embora seu fim seja proporcionar vantagens temporais
aos seus membros, só merecem, entretanto, aprovação sem reserva e devem ser
tidas como as mais próprias a assegurar os interesses verdadeiros e permanentes
de seus membros, aquelas que foram fundadas tomando por base principal a
Religião Católica, e que seguem abertamente as diretrizes da Igreja; - Nós o
temos declarado frequentemente, sempre que se Nos tem oferecido ocasião num
país ou noutro. Em consequência, é necessário estabelecer e favorecer de todos
os modos esse gênero de associações confessionais católicas, como são chamadas,
certamente nas regiões católicas, e também em todas as outras regiões em
qualquer lugar onde parecer possível atender por meio delas às necessidades
diversas dos associados. — (Carta Encíclica "De Consociationibus opificum
catholicis et mistas", de 24-IX-1912, ao Cardeal Jorge Kopp, Bispo de
Breslau, e aos demais Arcebispos e Bispos da Alemanha).
A França terá sua via
de Damasco
S. PIO X: Que
vos diremos agora, filhos da França, que gemeis sob o peso da perseguição? O
povo que fez aliança com Deus nas fontes batismais de Reims se arrependerá e
retornará à sua vocação primitiva. Os méritos de tantos filhos seus que pregam
a verdade do Evangelho quase em todo o mundo, tendo-a selado muitos com o
próprio sangue, as orações de tantos Santos que desejam ardentemente ter em sua
companhia na glória celeste os irmãos, muito amados, de sua Pátria, a piedade
generosa de tantos filhos seus que, sem recusar nenhum sacrifício, provêem à
dignidade do Clero e ao esplendor do culto católico, e, acima de tudo, os
gemidos de tantas crianças que, diante dos tabernáculos, expandem a alma com as
expressões que o próprio Deus lhes coloca nos lábios, atrairão certamente sobre
esta nação as misericórdias divinas. As faltas não ficarão impunes, mas não
perecerá nunca a filha de tantos méritos, de tantos suspiros e de tantas
lágrimas.
Dia virá, e
esperamos que não esteja muito afastado, em que a França, como Saulo no caminho
de Damasco, será envolvida por uma luz celeste e escutará uma voz que lhe
repetirá: "Minha filha, porque Me persegues?" E à resposta:
"Quem és tu, Senhor?" a voz replicará: "Sou Jesus, a Quem
persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão, porque em tua obstinação te
arruínas a ti mesma". E ela, trêmula e admirada, dirá: "Senhor, que
quereis que eu faça?" E Ele: "Levanta-te, lava as manchas que te
desfiguraram, desperta em teu seio os sentimentos adormecidos e o pacto da
nossa aliança, e vai, filha primogênita da Igreja, nação predestinada, vaso de
eleição, vai levar, como no passado, meu nome diante de todos os povos e de
todos os reis da terra". — (Alocução Consistorial "Vi ringrazio",
de 29-XI-1911).
O sopro da revolução
impele a renegar as glórias passadas da Santa Igreja
S. PIO X: Temos
sobre este estado de espírito (dos membros do "Sillon") o testemunho
de fatos dolorosos, capazes de arrancar lágrimas, e não podemos, apesar de
Nossa longanimidade, reprimir um justo sentimento de indignação. Pois que! Há
quem inspire à vossa juventude católica a desconfiança para com a Igreja, sua
Mãe; ensina-se-lhe que, decorridos dezenove séculos, Ela ainda não conseguiu,
no mundo, construir a sociedade sobre suas verdadeiras bases; que Ela não
compreendeu as noções sociais da autoridade, da liberdade, da igualdade, da
fraternidade e da dignidade humana; que os grandes Bispos e os grandes Monarcas
que criaram e tão gloriosamente governaram a França, não souberam dar ao seu
povo nem a verdadeira justiça, nem a verdadeira felicidade, porque eles não
tinham o ideal do "Sillon"!
O sopro da
Revolução passou por aí, e podemos concluir que, se as doutrinas sociais do
"Sillon" são erradas, seu espírito é perigoso e sua educação funesta.
— Carta Apostólica "Notre Charge Apostolique", de 25-VIII-1910).
(Extraído de Catolicismo n°
62, fevereiro de 1956)