terça-feira, 7 de junho de 2016

203ª Nota - Sobre o rosário de Nossa Senhora


Nos momentos de apreensão e de incerteza, foi sempre o primeiro e sagrado pensamento dos católicos o de recorrerem a Maria, e de se refugiarem na sua maternal bondade. E isto demonstra a firmíssima esperança, antes a plena confiança, que a Igreja Católica com toda razão sempre depositou na Mãe de Deus. De fato, a Virgem Imaculada, escolhida para ser Mãe de Deus, e por isto mesmo feita Corredentora do gênero humano, goza junto a seu Filho de um poder e de uma graça tão grande, que nenhuma criatura, nem humana nem angélica, jamais pôde nem jamais poderá atingir uma maior. E, visto como a alegria mais grata para ela é a de ajudar e consolar todo fiel em particular que invoque o seu socorro, não pode haver dúvida de que ela muito mais prazerosamente deseje acolher, antes, que exulte em acolher, os votos da Igreja toda.
(Excerto da Carta Encíclica Supremi Apostolatus Officio, de Leão XIII)

segunda-feira, 6 de junho de 2016

202ª Nota - Sobre a Unidade da Verdadeira Igreja


“A Igreja está constituída na unidade por sua própria natureza; é una, ainda que as heresias busquem separá-la em muitas seitas. Dizemos, pois, que a antiga e católica Igreja é una, porque tem a unidade: por natureza, sentimento, princípio, excelência... Ademais, acima da perfeição da Igreja, como o fundamento da sua construção, está a unidade; por isso, sobrepuja todo o mundo, pois nada há igual ou semelhante a ela.” (São Clemente de Alexandria). Por isso, quando Jesus Cristo fala deste edifício místico, não menciona qualquer igreja, senão a única Igreja, que chama a Sua Igreja: “Eu edificarei a minha Igreja.” Qualquer outra que se quer afirmar igreja fora dEla, não pode ser a verdadeira Igreja de Jesus Cristo.
 (Excerto da Carta Encíclica Satis Cognitum, de Leão XIII)

sexta-feira, 3 de junho de 2016

201ª Nota - Reflexão para os céticos ou resposta aos indecisos (IV)

Francisco Bergoglio sendo novamente "abençoado" por hereges protestantes

A Igreja deve servir aos homens de guia no caminho para o Céu, e Deus lhe deu a missão de julgar e de decidir tudo o que se refere à religião, e de administrar, segundo sua vontade, livremente e sem restrições de qualquer espécie, os interesses cristãos.
(Leão XIII, in Satis Cognitum)

[Nota do Blogue: Portanto, é impossível afirmar, sem contradizer-se, que a igreja conciliar é a Igreja de Cristo; ainda mais grave é o fato quando se admite que a Sede Romana está ocupada por apóstatas, modernistas e anticristãos.] 

quinta-feira, 2 de junho de 2016

200ª Nota - Oração para depois da Comunhão



Santíssima Trindade, eu Vos ofereço, pelas mãos puríssimas de Vossa santíssima Filha e Nossa Mãe, a sempre Virgem Maria, em companhia de São José e de todos os Santos e Anjos, o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Vosso amabilíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, presente na Divina Eucaristia, que agora recebo, embora indignamente, para que sejais divinamente honrado, louvado, adorado e glorificado, e Vos peço, pela Vossa infinita misericórdia e bondade, a reparação e o perdão de todos os meus pecados, pela minha conversão, santificação e salvação, pela de todos aqueles que me são próximos por parentesco, afinidade e amizade, pela de todos aqueles a quem fiz mal e me fizeram mal, pela de todos aqueles que me fizeram qualquer bem, quer material, quer espiritual, pela conversão de todos os pecadores, pela liberdade de todas as almas do purgatório, pela salvação dos agonizantes deste dia, pela liberdade e exaltação da Santa Madre Igreja Católica, pelos governantes e governados, pelos desesperados, aflitos, desaparecidos, perseguidos, pobres, miseráveis, doentes, encarcerados, viúvas, órfãos e demais necessitados. Amém!

quarta-feira, 1 de junho de 2016

199ª Nota - O que Chesterton diria sobre o "casamento gay"?



Embora a expressão “casamento gay” seja nova, as raízes dessa ideia são muito mais antigas — e Chesterton já havia alertado para o seu perigo.

Um dos temas prementes na época de Chesterton era o "controle de natalidade". Ele não fazia objeção apenas à ideia, mas ao próprio termo, porque significava o oposto do que queria dizer. Não significava nem natalidade, nem controle. Posso supor que ele teria as mesmas objeções contra o "casamento gay". Não só a ideia, como também o nome está errado: o "casamento gay" não é gay, no sentido original do termo [1], nem é casamento.

Chesterton era sempre sensato em seus pronunciamentos e profecias porque entendia que qualquer coisa que atacasse a família era ruim para a sociedade. Foi por isso que ele falou contra a eugenia e a contracepção, contra o divórcio e o "amor livre" (outro termo que ele rejeitava por sua falsidade), mas também contra a escravidão assalariada e a educação estatal compulsória, com mães contratando outras pessoas para fazer o que elas foram designadas para fazer por si mesmas. É seguro dizer que Chesterton se levantou contra toda moda e tendência que hoje nos aflige porque cada uma dessas modas e tendências minava a família. Um Estado intervencionista (Big Government) tenta substituir a autoridade da família, e um Mercado dominador (Big Business) tenta substituir a sua autonomia. Há uma constante pressão comercial e cultural sobre o pai, a mãe e os filhos. Eles são minimizados, marginalizados e, sim, ridicularizados. Mas, como diz Chesterton, "esse triângulo de truísmos — pai, mãe e filho — não pode ser destruído; só se destroem as civilizações que o desprezam" [2].

A legalização das uniões homossexuais não é nem o último nem o pior ataque à família, mas tem um valor impressivo, apesar do processo de dessensibilização em que nos colocaram as indústrias de informação e entretenimento ao longo dos últimos anos. Quem tenta protestar contra a normalização do anormal é recebido "ou com ataques ou com o silêncio" — assim como Chesterton, quando ele tentou argumentar contra as novas filosofias promovidas pela maior parte dos jornais de sua época. Em 1926, ele alertou: "A próxima grande heresia será um ataque à moralidade, especialmente à moral sexual" [3]. Seu aviso passou desapercebido, enquanto a moral sexual decaía progressivamente. Mas vamos nos lembrar que tudo começou com o controle da natalidade, que é uma tentativa de viver o sexo por ele mesmo, transformando um ato de amor em um ato de egoísmo. A promoção e a aceitação do sexo sem vida, estéril e egoísta evoluiu, logicamente, para a homossexualidade.

Chesterton mostra que o problema da homossexualidade como inimiga da civilização é bem antigo. Em O Homem Eterno, ele descreve que o culto à natureza e a "simples mitologia" produziram uma perversão entre os gregos. "Da mesma forma que eles se tornaram inaturais adorando a natureza, assim eles de fato se tornaram efeminados adorando o homem". Qualquer jovem, ele diz, "que teve a sorte de crescer de modo sensato e simples" sente um repúdio natural pela homossexualidade porque "ela não é verdadeira nem para a natureza humana, nem para o senso comum". Ele argumenta que, se tentarmos agir indiferentemente em relação a ela, estaremos nos enganando a nós mesmos. É "a ilusão da familiaridade" quando "uma perversão se torna uma convenção" [4].

Em Hereges, Chesterton quase faz uma profecia sobre o abuso da palavra "gay". Ele escreve sobre a "poderosa e infeliz filosofia de Oscar Wilde", "a religião do carpe diem". Carpe diem significa "aproveite o dia", faça o que quiser, sem pensar nas consequências, viva apenas pelo momento. "No entanto, a religião do carpe diem não é a religião das pessoas felizes, mas a das absolutamente infelizes" [5]. Há um desespero bem como um infortúnio ligado a isso. Quando o sexo é apenas um prazer momentâneo, quando não oferece nada além de si mesmo, ele não traz nenhuma satisfação. É literalmente sem vida. E, como Chesterton escreve em seu livro São Francisco de Assis: "no momento em que o sexo deixa de ser um servo, ele se torna um tirano" [6]. Essa é talvez a mais profunda análise do problema dos homossexuais: eles são escravos do sexo. Estão tentando "perverter o futuro e desfazer o passado". Eles precisam ser libertados.

O pecado tem consequências. Ainda assim, Chesterton sempre sustenta que devemos condenar o pecado, não o pecador. E ninguém mostra mais compaixão pelos decaídos do que ele. Sobre Oscar Wilde, que ele chama de "o chefe dos decadentes" [7], Chesterton diz que ele cometeu um "erro monstruoso", mas também sofreu monstruosamente por isso, indo para uma terrível prisão, onde ele foi esquecido por todas as pessoas que antes tinham brindado a sua rebeldia impulsiva. "A vida dele foi completa, naquele sentido inspirador em que a minha vida e a sua são incompletas, já que nós ainda não pagamos por nossos pecados. Nesse sentido, podemos chamar a vida dele de perfeita, assim como falamos de uma equação perfeita, que é neutralizada. De um lado, nós temos o saudável horror ao mal; de outro, o saudável horror à punição" [8].

Chesterton se referia ao comportamento homossexual de Wilde como um pecado "altamente civilizado", por ser uma das piores aflições entre as classes ricas e ilustradas. Era um pecado ao qual Chesterton nunca havia sido tentado, e ele diz que não é uma grande virtude nunca termos cometido um pecado ao qual não fomos tentados. Outra razão pela qual devemos tratar nossos irmãos e irmãs homossexuais com compaixão. Nós conhecemos nossos próprios pecados e fraquezas o suficiente. Fílon de Alexandria dizia: "Seja gentil, pois todos à sua volta estão lutando uma batalha terrível".

Compaixão, contudo, não significa jamais compromisso com o mal. Chesterton ressalta aquele equilíbrio pelo qual nossa verdade não deve ser desprovida de piedade, nem a nossa compaixão deve ser separada da verdade. A homossexualidade é uma desordem. É contrária à ordem. Os atos homossexuais são pecaminosos, ou seja, são contrários à ordem de Deus. Eles jamais poderão ser normais. Pior ainda, jamais sequer poderão ser vividos normalmente. Como diz o grande detetive Padre Brown: "Os homens até podem se manter em um nível razoável de bondade, mas ninguém jamais foi capaz de permanecer em um nível de maldade. Essa estrada conduz ao fundo do abismo" [9].

O matrimônio é entre um homem e uma mulher. Essa é a ordem. E a Igreja Católica ensina que essa é uma ordem sacramental, com implicações divinas. O mundo tem feito uma sátira do casamento que agora culminou com as uniões homossexuais. Mas foram os homens e as mulheres heterossexuais que pavimentaram o caminho para essa decadência. O divórcio, que é algo anormal, é agora tratado como normal. A contracepção, outra coisa anormal, é agora tratada como normal. O aborto ainda não é normal, ainda que seja legal [10]. Legalizar o "casamento" homossexual não o tornará normal, só vai aumentar ainda mais a confusão dos tempos e a decadência da nossa civilização. Mas a profecia de Chesterton permanece: não seremos capazes de destruir a família. Ao desprezá-la, o que vamos fazer é simplesmente destruir-nos a nós mesmos.

Fonte: Crisis Magazine | Tradução: Equipe Christo Nihil Praeponere

Notas e referências:
Antes de significar "homossexual", a palavra inglesa gay remetia simplesmente à ideia de alegria e despreocupação.
CHESTERTON, G. K. The Superstition of Divorce. London: Chatto & Windus, 1920, p. 63.
______. The Next Heresy. In: The Chesterton Review 26 (3), p. 295-298 (2000).
______. O Homem Eterno (trad. de Almiro Pisetta). São Paulo: Mundo Cristão, 2010, p. 164-165.
______. Hereges (trad. de Antônio Emílio Angueth de Araújo). 3. ed. Campinas: Ecclesiae, 2012, p. 119.
______. Saint Francis of Assisi. London: Hodder and Stoughton, 1923, p. 30.
______. The Victorian Age in Literature. London: Williams and Norgate, 1913, p. 226.
______. Oscar Wilde. In: On Lying in Bed and Other Essays. Calgary: Bayeux Arts, 2000, p. 248.
______. The Flying Stars. In: A Inocência do Padre Brown. Porto Alegre: L&PM, 2011.
Nos Estados Unidos, o aborto é legalizado desde a famosa decisão Roe vs. Wade, de 1973.