Introdução
A FAMÍLIA é o berço onde nasce e se desenvolve a nova vida,
que para não perecer necessita ser ensinada e educada: é este um direito e um
dever fundamental, conferidos e impostos imediatamente por Deus aos pais. A
educação tem, na ordem natural, como conteúdo e fim o desenvolvimento da
criança para se tornar um homem completo; a educação cristã tem como conteúdo e
fim a formação do novo ser humano, renascido pelo batismo, para que se torne um
perfeito cristão. Tal obrigação, que sempre constituiu uma regra e uma honra
para as famílias cristãs, é solenemente prescrita pelo cânon 1.113 do Código de
Direito Canônico, que declara: “Os pais têm a grave obrigação de velar com todo
o cuidado pela educação religiosa e moral, física e cívica de seus filhos, e de
prover igualmente ao seu bem estar temporal”.
Tema da alocução
As mais urgentes questões concernentes a um tão vasto assunto
foram esclarecidas várias vezes por Nossos Predecessores e por Nós mesmos. Eis
porque Nós Nos propomos agora, não repetir o que já foi amplamente exposto, mas
sobretudo chamar a atenção sobre um elemento que, se bem que base e apoio da
educação, especialmente cristã, ao contrário parece a muitos, à primeira vista,
ser-lhe quase estranho. Nós queríamos falar do que existe de mais profundo e
intrínseco no homem: sua consciência. Somos levados a tal pelo fato de que
certas correntes do pensamento moderno começam a alterar-lhe o conceito e a
combater-lhe o valor. Trataremos, pois, da consciência como objeto da educação.
O que é a consciência
A consciência é como que o núcleo mais íntimo e secreto do
homem. É lá que ele se refugia com suas faculdades espirituais numa solidão
absoluta: só consigo mesmo, ou melhor, só com Deus — cuja voz se faz ouvir pela
consciência — e consigo mesmo. É lá que ele se resolve para o bem ou para o
mal; é lá que escolhe entre o caminho da vitória e o da derrota. Mesmo que o
quisesse, o homem jamais chegaria a desembaraçar-se dela; com ela, quer ela o
aprove, quer o condene, percorre todo o caminho da vida, e com ela ainda,
testemunha verídica e incorruptível, apresentar-se-á ele ao juízo de Deus. A
consciência é, portanto, para tomar uma imagem antiga mas inteiramente justa,
um santuário diante do qual todos devem se deter; todos, mesmo o pai e a mãe,
sempre que se trata de seu filho. Somente o Padre nela entra, como médico das
almas e como ministro do sacramento da Penitência; mas a consciência não deixa
de ser um santuário ciosamente guardado, pela preservação de cujo segredo Deus
mesmo vela, sob o véu do mais sagrado dos silêncios.
Pode ser realizada uma educação da consciência?
Em que sentido, pois, pode-se falar da educação da
consciência? É conveniente se referir a alguns conceitos fundamentais da
doutrina católica, para bem compreender que a consciência pode e deve ser
educada.
O Divino Salvador trouxe para o homem ignorante e fraco Sua
verdade e Sua graça: a verdade para lhe indicar o caminho que conduz a seu fim;
a graça para lhe conferir a força de poder atingi-lo.
a — SIM, PELA FORMAÇÃO DA INTELIGÊNCIA INSTRUÍDA NOS
MANDAMENTOS
Percorrer este caminho significa, na prática, aceitar a
vontade e os mandamentos de Cristo e tornar sua vida conforme com eles, isto é,
cada ato interior e exterior que a livre vontade humana escolhe e fixa. Ora,
qual é, senão a consciência, a faculdade espiritual que, nos casos
particulares, indica à vontade, para que ela os escolha e resolva, os atos que
são conformes à vontade divina? Ela é, portanto, o eco fiel, o puro reflexo da
regra divina dos atos humanos. De tal sorte que as expressões tais como “o
julgamento da consciência cristã”, ou esta outra “julgar segundo a consciência
cristã”, têm o seguinte sentido: a regra da decisão última e pessoal para uma
ação moral provém da palavra e da vontade de Cristo. Ele é, com efeito, o
caminho, a verdade e a vida, não somente para todos os homens tomados em
conjunto, mas para cada um tomado individualmente (cfr. Jo. 14,6): ele o é para
o homem adulto, ele o é para a criança, ele o é para o jovem.
Segue-se daí que formar a consciência cristã de uma criança
ou de um jovem consiste primeiramente em esclarecer seu espírito sobre a
vontade de Cristo, sobre a Sua lei, sobre o caminho que Ele lhe indica e, além
disto, em agir sobre sua alma, o quanto isto possa ser feito do exterior, a fim
de o induzir a cumprir sempre livremente a vontade divina. Eis qual é a mais
alta tarefa da educação.
b — TORNANDO A INTELIGÊNCIA DÓCIL AO MAGISTÉRIO DA IGREJA
Mas onde o educador e a criança encontrarão concretamente,
facilmente e com certeza, a lei moral cristã? Na lei do Criador impressa no
coração de cada um (cfr. Rom. 2, 14-16), e na revelação, isto é, no conjunto
das verdades e dos preceitos ensinados pelo Divino Mestre. Todo este conjunto —
a lei escrita no coração, ou lei natural, e as verdades e preceitos da
revelação sobrenatural — Jesus nosso Redentor o confiou, como o tesouro moral
da humanidade, à Sua Igreja, para que Ela o pregue a todas as criaturas, o
ilustre e o transmita, intacto e preservado de toda contaminação e erro, de uma
geração a outra.
Erros na formação e na educação da consciência cristã
Contra esta doutrina, incontestada durante longos séculos, se
erigem hoje dificuldades e objeções às quais é necessário esclarecer.
Na doutrina moral católica, como no dogma, quer-se fazer de
qualquer modo uma radical revisão para daí deduzir uma nova ordem de valores.
O primeiro passo, ou para dizer melhor, o primeiro golpe dado
sobre o edifício das regras morais cristãs, deveria ser — como o pretendem —
desvencilhá-la da vigilância estreita e opressiva da autoridade da Igreja;
libertada então das subtilezas e sofismas do método casuístico, a moral seria
reconduzida à sua forma originária e à determinação da consciência individual.
Cada pessoa pode ver a que funestas consequências conduziria
um tal transtorno nos próprios fundamentos da educação.
Sem acentuar a manifesta inexperiência e imaturidade de
julgamento dos que sustentam semelhantes opiniões, é conveniente colocar em evidência
o vício capital desta “nova moral”. Submetendo todo critério ético à
consciência individual, ciosamente fechada em si mesma e arvorada como juiz
absoluto de suas determinações, esta teoria, bem longe de lhe aplainar o
caminho, a afasta do verdadeiro caminho que é Cristo.
O Divino Redentor entregou Sua Revelação, da qual as
obrigações morais são parte essencial, não aos homens isoladamente, mas à Sua
Igreja, à qual Ele deu a missão de os guiar e de guardar fielmente este
depósito sagrado.
Do mesmo modo, a assistência divina, destinada a preservar a
Revelação de erros e deformações, foi prometida à Igreja e não aos indivíduos.
Sábia previdência, pois que a Igreja, organismo vivo, pode assim, com segurança
e facilidade, seja esclarecer e aprofundar as verdades igualmente morais, seja
aplicá-las, mantendo intacto o essencial, nas condições variáveis de lugar e de
tempo. Considere-se, por exemplo, a doutrina social da Igreja, que, surgida
para responder a necessidades novas, nada fez senão a aplicação da eterna moral
cristã às presentes circunstâncias econômicas e sociais.
Como é, então, possível conciliar a previdente disposição do
Salvador, que confiou à Igreja a proteção do patrimônio moral cristão, com uma
espécie de autonomia individualista da consciência?
Esta última, subtraída de seu clima natural, não pode
produzir senão frutos venenosos, que se reconhecerão pela simples comparação
com certas características da conduta tradicional e da perfeição cristãs, cuja
excelência é provada pelas obras Incomparáveis dos Santos.
A “nova moral”, acusando a Igreja de rigorismo, acusa de fato
o próprio Cristo
A “nova moral” afirma que a Igreja, em lugar de suscitar a
lei da liberdade humana e do amor, e de insistir sobre ela como justo estímulo
da vida moral, se apoia ao contrário, por assim dizer exclusivamente e com uma
rigidez excessiva, sobre a firmeza e a intransigência das leis morais cristãs,
recorrendo frequentemente a estes “vós sois obrigados”, “não é permitido”, que
têm por demais o tom de um pedantismo aviltante.
Ora, a Igreja quer, ao contrário — e ela o põe expressamente
em evidência quando se trata de formar as consciências — que o cristão seja
introduzido nas riquezas infinitas da fé e da graça, de um modo persuasivo, a
ponto de se sentir inclinado a penetrá-las profundamente.
Entretanto a Igreja não pode deixar de advertir os fieis de
que estas riquezas não podem ser adquiridas e conservadas senão pelo preço de
obrigações morais precisas. Uma conduta diversa terminaria por fazer esquecer
um princípio dominante, sobre o qual sempre insistiu Jesus, seu Senhor e
Mestre. Com efeito, Ele ensinou que para entrar no reino dos céus não é
suficiente dizer: “Senhor, Senhor”, mas que é preciso que a vontade de Pai
Celeste seja cumprida (cfr. Mat. 7,21). Ele falou da “porta estreita” e do “caminho
estreito” que conduz à vida (cfr. Mat. 7,13-14), e Ele acrescentou: “Esforçai-vos
por entrar pela porta estreita, porque, eu vô-lo declaro, existem muitos que
procurarão aí entrar, sem o conseguirem” (cfr. Luc. 13,24). Cristo fixou como
pedra de toque e traço distintivo do amor a Ele, a observância dos mandamentos
(cfr. Jo. 14, 21-24). Igualmente, ao jovem rico que O interroga, Ele responde: “Se
queres entrar na vida, observa os mandamentos”, e à nova pergunta “Quais?",
responde: “Não matar! não cometer adultério! não roubar! não prestar falso
testemunho! honra teu pai e tua mãe! e ama a teu próximo como a ti mesmo!” Ele
estabeleceu como condição a quem O quer imitar, que renuncie a si mesmo e tome
cada dia a própria cruz (cfr. Luc. 9,23). Ele exige que o homem esteja pronto a
deixar, por Ele e pela Sua causa, tudo o que tem de mais caro, como seu pai,
sua mãe, seus próprios filhos, e até o último bem, a própria vida (cfr. Mat. 10,
37-39). Pois Ele acrescenta: “Eu vô-lo digo, a vós, meus amigos, não tenhais
medo dos que podem matar o corpo, mas que, isto feito, nada mais podem.
Dir-vos-ei o que deveis temer: temei Aquele que, após ter dado a morte, tem o
poder de vos lançar no inferno” (cfr. Luc. 12, 4-5).
Foi assim que falou Jesus, o Divino Pedagogo, que sabe
certamente, melhor do que os homens, penetrar nas almas e as atrair a Seu amor
pelas perfeições infinitas do Seu Coração, bonitate
et amore plenum (Ladainha do Sagrado Coração de Jesus).
E São Paulo, o Apóstolo dos gentios, pregou ele
diferentemente? Com seu veemente tom de persuasão, revelando o encanto
misterioso do mundo sobrenatural, ele expôs a grandeza e o esplendor da fé
cristã, as riquezas, o poder, a benção, a felicidade que ela encerra,
oferecendo-as às almas como digno objeto da liberdade do cristão e como fim
irresistível dos mais puros impulsos de amor. Não é menos verdade que são
igualmente dele advertências como esta: “Operai vossa salvação com temor e
tremor” (cfr. Phil. 2, 12), e que jorraram desta mesma pena altos preceitos de
moral, destinados a todos os fieis, quer sejam de uma inteligência comum, ou
almas de uma elevada sensibilidade. Tomando pois como estrita norma as palavras
de Cristo e do Apóstolo, não se poderia talvez dizer que a Igreja de hoje em
dia tem sido mais vezes levada à condescendência que à severidade? De tal modo
que a acusação de opressiva dureza, levantada contra a Igreja pela “moral nova”,
vai em primeiro lugar atingir a adorável Pessoa do próprio Cristo.
Outros erros da “moral nova”
a — A CASTIDADE NÃO CONSTITUIRIA DEVER GRAVE PARA OS JOVENS CONSCIENTES também do direito e do dever da Sé Apostólica de intervir,
quando é necessário, com autoridade nas questões morais, Nós Nos propusemos, no
discurso de 29 de outubro do ano passado, esclarecer as consciências sobre os
problemas da vida conjugal. Com a mesma autoridade Nós declaramos hoje aos
educadores e à própria juventude: o mandamento divino da pureza da alma e do
corpo é igualmente válido sem diminuição para a juventude de hoje em dia. Também
ela tem a obrigação moral, e com o auxílio da graça, a possibilidade de se
manter pura. Repelimos, pois, como errônea a afirmação dos que consideram
inevitáveis as quedas durante os anos da puberdade, quedas estas que, pois, não
mereceriam que se fizesse delas grande caso, como se não fossem faltas graves,
porque ordinariamente, acrescentam eles, a paixão suprime a liberdade
necessária para que um ato seja moralmente imputável.
Pelo contrário, é uma regra obrigatória e sábia que o
educador, sem entretanto negligenciar a apresentação aos jovens das nobres
qualidades da pureza, de maneira a induzi-los a amá-la e desejá-la por si
mesma, inculque sempre claramente o mandamento como tal, com toda sua gravidade
e sua importância de lei divina. Ele estimulará assim os jovens a evitar as
ocasiões próximas, os encorajará na luta cujo rigor não lhes esconderá, os
incitará a aceitar corajosamente os sacrifícios que a virtude exige, e os
exortará a perseverar e a não cair no risco de depor as armas desde o começo e de
sucumbir sem resistência aos maus hábitos.
b — A MORAL NÃO DEVE VIGORAR SENÃO NA VIDA PRIVADA
Mais ainda que no domínio da vida privada, muitos quereriam
hoje em dia excluir a autoridade da lei moral na vida pública, econômica e
social, na ação dos poderes públicos no interior e no exterior, na paz e na
guerra, como se Deus nestes assuntos nada tivesse a dizer, ao menos de
definitivo.
A emancipação das atividades humanas exteriores, como as
ciências, a política, a arte, com relação à moral, é por vezes motivada no
plano filosófico pela liberdade que a cada uma destas atividades pertence, no
respectivo campo, de se governar exclusivamente segundo as próprias leis, se
bem que se reconheça que estas concordam de ordinário com as da moral.
c — A ARTE NADA TEM QUE VER COM A MORAL
E no campo da arte, por exemplo, denega-se-lhe não somente
qualquer dependência, mas ainda toda relação com a moral, dizendo: a arte é
unicamente arte, e não moral ou qualquer outra coisa; ela deve portanto se
reger segundo as leis da estética, as quais, se são verdadeiramente tais,
jamais se rebaixarão a favorecer a concupiscência.
A autonomia teoria em relação à moral é praticamente uma
rebelião contra a moral.
d — OS VÁRIOS RAMOS DA ATIVIDADE HUMANA SE REGEM POR LEIS
PRÓPRIAS, E NÃO PELA LEI MORAL
Da mesma maneira falam da política e da economia, que não
necessitam tomar conselho de outras ciências, portanto nem mesmo da moral, mas,
guiadas pelas suas próprias leis, são por si mesmas boas e justas.
Trata-se, como se vê, de um modo sutil de subtrair as
consciências da autoridade das leis morais. Em verdade, não se pode negar que
tais autonomias sejam justas, enquanto elas exprimem o método próprio a cada
atividade e os limites que separam em teoria suas diversas formas; mas a
separação dos métodos não deve significar que o sábio, o artista, o político
sejam libertados de toda preocupação moral no exercício de suas atividades,
especialmente se elas têm incidências imediatas no domínio da ética, como a
arte, a política, a economia. A separação pura e teórica não tem sentido na
vida, que é sempre uma síntese, pois que o sujeito único de toda espécie de
atividade é o próprio homem, cujos atos livres e conscientes não podem escapar
à apreciação moral. E continuando a observar o problema com um olhar largo e
prático, que falta às vezes aos filósofos mesmo insignes, tais distinções e
autonomias servem, em uma natureza decaída, para apresentar como leis da arte,
da política e da economia, o que convém à concupiscência, ao egoísmo e à
cupidez.
A “moral nova” é uma rebelião contra a moral
Assim a autonomia teórica relativamente à moral se torna
praticamente uma rebelião contra esta, e de outro lado se rompe aquela harmonia
inerente às ciências e às artes, que os filósofos desta escola verificam claramente,
mas declaram ocasional, apesar de ela, pelo contrário, ser essencial se se a
considera com relação ao sujeito que é o homem, e a seu Criador que é Deus.
Eis porque Nossos Predecessores e Nós mesmos, na convulsão da
guerra e nos confusos acontecimentos de após-guerra, não cessamos de insistir
no princípio de que a ordem querida por Deus abrange a vida inteira, sem
excetuar a vida pública, em todas as suas manifestações, persuadidos de que não
há nisto qualquer restrição imposta à verdadeira liberdade humana, nem qualquer
intromissão na competência do Estado, mas uma segurança contra os erros e os
abusos, contra os quais a moral cristã retamente aplicada deve ser uma
proteção. Estas verdades devem ser ensinadas aos jovens, e inculcadas em suas
consciências pelos que, na família ou na escola, têm a obrigação de assegurar a
sua educação, lançando assim o gérmen de um porvir melhor.
Exortação final
Eis o que Nós queremos vos dizer hoje, caros filhos e filhas
que Nos escutais, e em vô-lo dizendo, não encobrimos a ansiedade que Nos oprime
o coração diante deste formidável problema, onde estão em causa o presente e o
futuro do mundo, e o destino eterno de tantas almas. Que reconforto Nos daria a
certeza de que partilhais de Nossa ansiedade pela educação cristã da juventude!
Educai as consciências de vossos filhos com energia e perseverança. Educai-as
para o temor, como para o amor de Deus. Educai-as para amar a verdade. Mas sede
antes de tudo, vós mesmos, respeitosos da verdade, e afastai da educação tudo
quanto não é autêntico e verdadeiro. Imprimi na consciência dos jovens o puro
conceito da liberdade, da verdadeira liberdade, digna e característica de uma
criatura feita à imagem de Deus. Ela é coisa bem diferente de dissolução e
incontinência; ela é, ao contrário, uma comprovada capacidade para o bem; ela
faz com que o homem se decida por si mesmo a querer e cumprir o bem (cfr. Gol.
5,13); ela é o domínio sobre as faculdades, sobre os instintos, sobre os
acontecimentos. Ensinai-os a orar e a haurir na fonte da Penitência e da
Sagrada Eucaristia o que a natureza não pode dar: a força de não cair, a força
de se reerguer. Sintam eles desde sua juventude que sem o auxílio destas
energias sobrenaturais, não chegarão a ser nem bons cristãos, nem simplesmente
homens honestos, aos quais seja reservada uma vida serena. Mas assim
preparados, eles poderão aspirar igualmente ao que há de melhor, eles poderão
se dar a esta alta utilização de si próprios, cujo mais alto termo será a honra
deles: realizar a Cristo em suas vidas.
Para atender a este fim Nós exortamos todos os Nossos caros
filhos e filhas da grande família humana a ser retamente unidos entre si:
unidos para a defesa da verdade, para a difusão do Reino de Cristo sobre a
terra. Que se expulse toda divisão, que se afaste todo ressentimento; que se
sacrifique generosamente - custe o que custar - este bem superior, a este ideal
supremo, toda visão particular, toda preferência subjetiva: “se um mal desejo
vos sugere outra coisa”, que vossa consciência cristã ultrapasse a toda a
prova, de tal sorte que o inimigo de Deus, “no meio de vós, não se ria de vós”
(cfr. Dante, Paraíso, 5, 79-81). Que o vigor da sã educação se revele em sua
fecundidade em todos os povos que receiam pelo futuro de sua juventude. Assim o
Senhor vos concederá, a vós e a vossas famílias, a abundância de suas graças,
em penhor das quais Nós vos concedemos com coração paternal a Benção
Apostólica.
(Extraído da Revista Catolicismo)