sexta-feira, 7 de outubro de 2016

258ª Nota - Sofismas dos Dominicanos de Avrillé contra o Sedevantismo


Primeiro argumento (ad hominem) do “Pequeno Catecismo contra o Sedevacantismo”: se assim fosse, “toda a Igreja Católica havia desaparecido nesse momento...” ( * )

Escrevem os dominicanos de Avrillé (dA): “em realidade, se aceitássemos este raciocínio, teríamos que dizer que toda a Igreja Católica desapareceu nesse momento, e que ‘as portas do inferno prevaleceram contra ela’. Pois o ensinamento do magistério ordinário universal é o de todos os bispos, de toda a Igreja docente”.
Como vemos, o argumento é sempre o da indefectibilidade da Igreja; é um argumento sério e importante que não é exclusivo dos dA: qualquer partidário do Vaticano II poderia utilizá-lo contra todos aqueles que o acusam de haver errado (incluído também os dA).
Como pode, pois, negar uma doutrina ensinada pela unanimidade moral dos bispos católicos, a saber, da Igreja docente?
Se assim fosse, deveríamos concluir – como os dA nos reprova – que a Igreja em seu conjunto abandonou a Fé, o qual é contrário ao dogma da indefectibilidade da Igreja (ainda que numerosos teólogos lefebvristas o afirmem abertamente, como os já citados padres B. e S.).
Claro que não é esta a nossa posição: nós cremos na indefectibilidade da Igreja... e portanto também em sua infalibilidade!
Em consequência, respondemos aos dA: eles teriam razão se sustentássemos que a autoridade do Vaticano II é a do magistério ordinário universal (que é infalível). Porém na realidade sustentamos que a autoridade do Vaticano II deveria ser a do magistério ordinário universal. Seria se Paulo VI fosse Papa. Porém, como Paulo VI não foi Papa, tampouco o Vaticano II é magistério ordinário universal, e portanto não é infalível. 
A esta resposta se objetará assinalando a autoridade dos outros bispos que subscreveram o Vaticano II.
A resposta é que todos os bispos não são infalíveis sem o Papa.
Objetar-se-á ainda que uma vez realizadas as condições da infalibilidade, se deve aderir ao ensinado pela Igreja docente, e não concluir, ao contrário, na legitimidade do assim ensinado.
Respondemos que a objeção se aplica a uma matéria que não foi infalivelmente definida pela Igreja docente, como o é, por exemplo, a liberdade religiosa.
Objetar-se-á que se Paulo VI e todos os bispos erraram na fé, então a Igreja inteira defeccionou e as portas do inferno prevaleceram. Respondemos ad hominem que este argumento também se aplica contra Mons. Lefebvre. Logo respondemos – contra os seguidores de Mons. Lefebvre – que a objeção é válida precisamente se se crê que Paulo VI e os bispos unidos com ele tinham a autoridade e representavam verdadeiramente a Igreja docente: é neste caso que a Igreja perdeu sua infalibilidade e sua indefectibilidade. Respondemos também que o conjunto da Igreja docente é infalível (como o Papa), porque do contrário – se pudesse errar – todos a seguiriam no erro. Agora, no nosso caso, este erro não é possível precisamente porque as matérias sobre as quais os padres conciliares erraram já foram definidas pela Igreja docente, daí a possibilidade para os fiéis de dar-se conta do erro e de não seguí-lo: como de fato sucedeu, já que houve bispos, sacerdotes e fieis que não seguiram o ensinamento do Vaticano II, alguns implicitamente, outros explicitamente.
Podemos concluir, logo de um atento exame, que o argumento – por certo tão delicado – da indefectibilidade da Igreja resulta particularmente embaraçoso para quem segue, como os dA, a posição de Mons. Lefebvre, e não para quem segue a posição de Mons. Guérard des Lauriers.
( * ) Se o Papa, os cardeais, os bispos, etc., estão privados de sua ‘forma’, não há mais hierarquia visível na Igreja.

(Extraído de http://www.sodalitiumpianum.it/le-sel-de-la-terre-y-el-sedevacantismo/)