DIZEM
os protestantes que são cristãos, que querem o cristianismo puro. E eu lhes
digo que o protestantismo não é cristianismo puro, nem cristianismo de espécie
alguma; é pseudocristianismo, um cristianismo falso. Nem sequer tem os
protestantes direito de se chamarem cristãos.
Há, não o nego, protestantes de boa fé,
os quais, equivocados, serão cristãos, e crerão em Jesus Cristo e na sua
doutrina, e não refletirão sobre as origens do protestantismo. Não falo desta
classe de protestantes que, como se vê, são protestantes por equivocação, por
engano e ignorância. Falo do protestantismo em si, e afirmo sem receio que o
protestantismo não é cristianismo, nem puro, como eles imaginam, nem impuro,
nem de espécie alguma.
A IGREJA ROMANA ANTES DE 1521
– Reflita alguns instantes, meu caro amigo, e se é realmente amante da verdade,
preste atenção ao que lhe vou dizer. Antes de 1521, a Igreja Romana era igreja
verdadeira cristã, e desta verdade ninguém duvidava em todo o mundo. Ela
apresentava sua sucessão clara e sem interrupção desde São Pedro, São Lino, Santo
Anacleto, e assim toda a série dos Papas e sucessores de São Pedro até Leão X.
Ninguém se lembrava de protestar, a ninguém ocorria sequer a ideia de duvidar.
Todos aqueles que queriam ser cristãos sabiam perfeitamente que a Igreja Romana
era a verdadeira Igreja, a religião cristã.
O GRANDE ARGUMENTO –
O grande argumento de Santo Agostinho contra os hereges Donatistas era este
belíssimo: “Contai os sacerdotes desde a mesma Sé de Pedro, examinai como se
foram sucedendo sem interrupção: esta é a pedra que não vencem as soberbas
portas (os soberbos poderes) do inferno, isto é, esta é a Igreja de Cristo, da
qual disso o mesmo Jesus Cristo que não a venceriam os poderes do inferno”. E
acrescentava: “O fato que me prende e retém na Igreja Católica é a sucessão de
sacerdotes, que nunca foi interrompida desde a mesma Sé de Pedro Apóstolo até o
presente episcopado”. (Queria dizer, desde São Pedro até o Pontífice que no seu
tempo regia a Igreja). E como Santo Agostinho tem pensado e pensam sempre todos
os cristãos, a saber, que a Igreja verdadeira vem dos Apóstolos. Claro está que
assim é; de outra maneira não será a Igreja de Cristo, mas outra qualquer. Como
porém não pode haver duas Igrejas de Cristo, aquela outra será forçosamente
falsa.
ONDE ESTAVAM OS PROTESTANTES, ANTES
DO SÉCULO XVI? – Onde estava Lutero? Onde Zuinglio?
Onde estava Calvino? Onde estava Henrique VIII e todos os demais
reformadores?... Eles mesmos, até o dia da sua rebelião, eram católicos,
estavam na Igreja Católica, e por isso mesmo eram cristãos. E de repente, a
alturas tantas, que havia de dar na veneta a esses homens escandalosos? Por
motivo de melindres, de enfados e de soberbas, emproa-se Lutero e diz com
altivez: “Eu não obedeço à Igreja Católica, separo-me dela! Eu, Martinho
Lutero, digo que esse cristianismo não é o verdadeiro! Eu, Martinho Lutero,
descobri que essa Igreja Católica, à qual pertence todo o mundo cristão, não é
cristã!” E sem mais, o frade apóstata se separa da Igreja Católica e da videira
verdadeira, que trazia sua origem desde os Apóstolos até então havia existido.
Atrás de Lutero se foram precipitando Zuinglio, que era um homem perdido e fora
escorraçado de sua paróquia pela sua libertinagem; um Calvino, tipo orgulhoso,
marcado com o ferrete de ignominia por certo delito nefando; um Henrique VIII,
homem de sete mulheres, adúltero e uxoricida; e Carlostadio, de quem dizia
Melanchton que era homem brutal, ignorante, mais amigo das tabernas
que dos livros; e Ecolampadio, e Osiandro, e Bucero, e Capitão, e Farel e
Beza... todos eles conhecidos pela sua vida desregrada e péssimos costumes.
CONSIDERE
SINCERAMENTE ESTE APOSTOLADO – Porque se o amigo
chega a perceber a força deste argumento, verá como basta para pulverizar o
protestantismo. O protestantismo não é religião cristã. Se o fosse, proviria
dos Apóstolos, e por meio deles havia de mostrar-nos que está unido a Jesus
Cristo. O protestantismo porém tem a data do seu nascimento, que é o ano de
1521. O protestantismo vem de Lutero, e Lutero não é Jesus Cristo; vem de Zuinglio,
e Zuinglio não é Jesus Cristo; vem de Henrique VIII, e Henrique VIII não é
Jesus Cristo! Meu Deus, que diferentes de Jesus Cristo são todos estes monstros
infames, e quão contrários a Ele!... Os protestantes são Luteranos,
Calvinistas, Anglicanos, Zuinglianos, Metodistas, Batistas, tudo o que
quiserem, Cristãos porém de nenhum modo. Apostólicos? DE NENHUMA MANEIRA!...
(Padre
Amando Adriano Lochu, S.J., in Raios de
Sol, 1933.)