Qual
a origem do carismatismo “católico”?
O carismatismo “católico” nasceu nos
Estados Unidos, em Pittsburgh (Pensilvânia), em 20 de fevereiro de 1967, dia em
que dois católicos da Universidade de Duquesne receberam a imposição das mãos,
em um grupo de oração dirigido por uma presbiteriana, e começaram a falar em
línguas. Utilizaram, em seguida, o mesmo rito para transmitir a outros
católicos os poderes assim recebidos.
Qual
o efeito do rito pentecostal sobre os primeiros católicos que o receberam?
A imposição das mãos produziu sobre os
estudantes católicos da Universidade de Duquesne os mesmos efeitos bizarros que
sobre os protestantes. Um dos dois contou: “Minha alegria era tão grande que
não podia fazer nada além de rir, estendido por terra.” Um outro: “O sentimento
que eu tinha da presença de Deus era tão forte que me recordo de ter ficado
sentado uma meia hora na capela, rindo de alegria no pensamento do amor de
Deus.” Um terceiro: “Desde que me impuseram as mãos, pareceu-me que todo meu
peito iria estourar. Meus lábios começaram a tremer e meu espírito a girar em
turbilhão. Depois, eu sorria beatamente, não podia me impedir de fazer isso.”
O
que manifestam essas reações?
Essas reações chocantes revelam uma
intervenção demoníaca. Enquanto o Espírito Santo faz reinar a ordem e a
discrição, o espírito demoníaco, mesmo quando se disfarça em anjo de luz,
trai-se geralmente por alguma manifestação grotesca {O místico inglês do século
XIV, autor da obra “Le Nuage de l’inconnaissance” [um dos livros de base dos
noviços cartuxos], escreveu assim: “Há, com efeito, esse iludidos todos
saturados de manias incomuns em sua atitude exterior. [(...) Alguns] não cessam
de sorrir ou de rir a toda palavra que pronunciam, como meninotas de riso solto
ou como jograis a quem falta postura e que se entregam a todas as palhaçadas.
Todavia, a atitude que deveriam conservar seria a de uma perfeita decência, com
muita ponderação e com muita reserva em sua postura e na expressão de sua
alegria. Não quero dizer que esses hábitos pouco decentes sejam, por si mesmos,
grandes crimes; nem que aqueles que os adquirem sejam grandes pecadores; mas se
esses hábitos tomam conta de um homem tão fortemente que ele não possa se
desfazer deles quando quiser, eles são sinais[...] É por eles que o operário
espiritual manifestará o que é a sua obra. [...] Será o demônio, seu inimigo
espiritual, que os fará experimentar um fogo interior cuja causa é seu orgulho,
a fraqueza da carne e a inquietude de seu espírito. Mas imaginarão,
erroneamente, sentir o fogo do amor e obtê-lo da Graça e da Bondade do Espírito
Santo. [...] A ilusão que procede desse falso sentimento, e do falso
conhecimento que a acompanha, reveste formas variadas e estranhas, conforme a
diversidade dos estados e das condições particulares daqueles que sucumbem a
ela.”}.
A Renovação Carismática não realiza um
certo bem trazendo de volta ao Catolicismo algumas almas, e mantendo a piedade
em outras?
O
demônio, que enxerga a longo prazo, sabe perder um pouco para ganhar muito. É o
ensinamento da Bem-Aventurada Maria da Encarnação: “Os êxtases, as visões e as
revelações não são de jeito nenhum um argumento inconteste da permanência ou da
assistência de Deus em uma alma. Quantos se viram que foram enganados com esses
tipos de visões? Embora tenham sido a causa da conversão ou mesmo da salvação
de algumas almas, é um estratagema do espírito maligno que fica contente em
perder um pouco para ganhar muito”.
(Padre
Mathias Gaudron, FSSPX, Catecismo Católico da Crise da Igreja, 2011)