segunda-feira, 22 de agosto de 2016

242ª Nota - Renovação Carismática é católica?


Qual a origem do carismatismo “católico”?
O carismatismo “católico” nasceu nos Estados Unidos, em Pittsburgh (Pensilvânia), em 20 de fevereiro de 1967, dia em que dois católicos da Universidade de Duquesne receberam a imposição das mãos, em um grupo de oração dirigido por uma presbiteriana, e começaram a falar em línguas. Utilizaram, em seguida, o mesmo rito para transmitir a outros católicos os poderes assim recebidos.

Qual o efeito do rito pentecostal sobre os primeiros católicos que o receberam?
A imposição das mãos produziu sobre os estudantes católicos da Universidade de Duquesne os mesmos efeitos bizarros que sobre os protestantes. Um dos dois contou: “Minha alegria era tão grande que não podia fazer nada além de rir, estendido por terra.” Um outro: “O sentimento que eu tinha da presença de Deus era tão forte que me recordo de ter ficado sentado uma meia hora na capela, rindo de alegria no pensamento do amor de Deus.” Um terceiro: “Desde que me impuseram as mãos, pareceu-me que todo meu peito iria estourar. Meus lábios começaram a tremer e meu espírito a girar em turbilhão. Depois, eu sorria beatamente, não podia me impedir de fazer isso.”

O que manifestam essas reações?
Essas reações chocantes revelam uma intervenção demoníaca. Enquanto o Espírito Santo faz reinar a ordem e a discrição, o espírito demoníaco, mesmo quando se disfarça em anjo de luz, trai-se geralmente por alguma manifestação grotesca {O místico inglês do século XIV, autor da obra “Le Nuage de l’inconnaissance” [um dos livros de base dos noviços cartuxos], escreveu assim: “Há, com efeito, esse iludidos todos saturados de manias incomuns em sua atitude exterior. [(...) Alguns] não cessam de sorrir ou de rir a toda palavra que pronunciam, como meninotas de riso solto ou como jograis a quem falta postura e que se entregam a todas as palhaçadas. Todavia, a atitude que deveriam conservar seria a de uma perfeita decência, com muita ponderação e com muita reserva em sua postura e na expressão de sua alegria. Não quero dizer que esses hábitos pouco decentes sejam, por si mesmos, grandes crimes; nem que aqueles que os adquirem sejam grandes pecadores; mas se esses hábitos tomam conta de um homem tão fortemente que ele não possa se desfazer deles quando quiser, eles são sinais[...] É por eles que o operário espiritual manifestará o que é a sua obra. [...] Será o demônio, seu inimigo espiritual, que os fará experimentar um fogo interior cuja causa é seu orgulho, a fraqueza da carne e a inquietude de seu espírito. Mas imaginarão, erroneamente, sentir o fogo do amor e obtê-lo da Graça e da Bondade do Espírito Santo. [...] A ilusão que procede desse falso sentimento, e do falso conhecimento que a acompanha, reveste formas variadas e estranhas, conforme a diversidade dos estados e das condições particulares daqueles que sucumbem a ela.”}.

A Renovação Carismática não realiza um certo bem trazendo de volta ao Catolicismo algumas almas, e mantendo a piedade em outras?

O demônio, que enxerga a longo prazo, sabe perder um pouco para ganhar muito. É o ensinamento da Bem-Aventurada Maria da Encarnação: “Os êxtases, as visões e as revelações não são de jeito nenhum um argumento inconteste da permanência ou da assistência de Deus em uma alma. Quantos se viram que foram enganados com esses tipos de visões? Embora tenham sido a causa da conversão ou mesmo da salvação de algumas almas, é um estratagema do espírito maligno que fica contente em perder um pouco para ganhar muito”.
(Padre Mathias Gaudron, FSSPX, Catecismo Católico da Crise da Igreja, 2011)