O
sedevacantismo não pretende que os “papas” do Vaticano II tenham perdido a
autoridade por agressão contra a Igreja. (Certas asserções associadas à tese do
Padre Guérard de Lauriers poderiam dar essa impressão e seria possível invocar
esse texto contra elas, se bem que se poderia responder a isso, facilmente, que
Belarmino não admite a hipótese senão para fazer a distinção entre resistência
e deposição, e não para reconhecer-lhe a possibilidade.) O sedevacantismo
mantém que os “papas” do Vaticano II puseram uma série de atos que um
verdadeiro Papa não tem como fazer, e criaram uma Igreja que difere
essencialmente da Igreja Católica. A consequência inelutável é que eles não
foram verdadeiros Papas. Não se trata nem de resistir nem de depor, mas de
distinguir uma entidade de outra que não é igual. Parábola: entrais num
restaurante, deixando o cavalo amarrado do lado de fora. Saindo, encontrais um
asno em lugar do cavalo. Perguntais onde está o vosso cavalo e vos asseguram de
que a besta que vêdes é realmente um cavalo. Não nos deixemos engambelar! Um
cavalo é um cavalo e um asno é um asno: e vós também sois um asno se o
aceitais.
Bellarmino
é formal e cortante sobre o fato de que um Papa tornando-se manifestamente
herético seria, por esse fato mesmo, sem nenhuma intervenção eclesiástica,
privado do Papado, e que essa perda seria reconhecível pelos fiéis, sem que se
tivesse necessidade de jurisdição especial para constatá-la. Ele atribui essa
perda à natureza da Igreja, dado que um herege manifesto, por esse fato mesmo,
não é mais católico, e não pode ser cabeça daquilo de que ele não é mais
membro. Ele diz que essa doutrina é o ensinamento unânime dos Padres. Ele diz
que o contrário é desprovido de toda a probabilidade. (De Romano Pontifice, II,
30)
(Fragmento de “Três respostas ilustrando
a doutrina de São Roberto Bellarmino”, John Daly, extraído do blogue Acies
Ordinata)