Por que razão as mulheres devem cobrir a
cabeça na igreja?
1. A razão primeira, imediata, suficiente
e determinante é que é a lei de Deus e da Igreja.
– É a lei de Deus, que o Espírito
Santo revelou por São Paulo: “Quero que saibais que o cabeça de todo homem é
Jesus Cristo, o cabeça da mulher é o homem, e o cabeça de Jesus Cristo é Deus.
Todo homem que reza ou profetiza com a cabeça coberta, desonra a sua cabeça. E
toda mulher que reza ou profetiza, sem véu sobre a cabeça, desonra a sua cabeça,
porque é como se estivesse rapada. Portanto, se a mulher não se cobre com véu,
que ela tenha os cabelos rapados. […] Por isso que a mulher deve, por causa
dos Anjos, trazer a marca de sua dependência sobre a cabeça. […] Julgai vós
mesmos: é decente que a mulher faça oração a Deus, não tendo véu? […] E, se
alguém quiser contestar, nós não temos tal costume, nem a Igreja de Deus” [I
Cor XI, 3-16].
– É a lei da Igreja, promulgada pelo
primeiro sucessor de São Pedro, o Papa São Lino (dixit o breviário na festa
dele, a 23 de setembro); esta lei tem estado em vigor sem interrupção na
Igreja, como testemunha o direito canônico de 1917: “Ao assistirem às funções
sacras, quer na igreja ou fora dela, os homens devem ter a cabeça descoberta
[…]. Quanto às mulheres, devem elas ter a cabeça coberta e estar modestamente
vestidas, principalmente ao se aproximarem da santa Mesa” [cânon 1262 § 2]
2. As razões de ser desta lei divina são
indicadas pelo Apóstolo São Paulo: ... em sinal de sujeição... por causa dos Anjos.
Estas duas razões deixam prever, ainda
mais em nosso mundo acometido de igualitarismo e de impudicícia, um bocado de
incompreensão.
Sujeição.
Há uma sujeição da mulher ao homem que é
gloriosa, e outra que é um dos castigos do pecado original.
Quanto à primeira,
São Paulo diz que a mulher é a glória do homem… a santidade da sua alma, a
honra do seu lar, a educadora dos seus filhos, a guardiã dos seus costumes, a
doçura de sua vida: glória insubstituível, glória que fez e que faz a sociedade
cristã, glória que é penhor também de uma sociedade simplesmente humana (ao
absorver a segunda sujeição), glória que um tolo igualitarismo destrói, para
máximo detrimento de todos.
Quanto à segunda,
ela é efeito do desregramento da carne (esta concupiscência é em geral bem mais
viva no homem) e do desregramento da força, que se torna brutalidade e apetite
de dominação. A graça de Deus liberta do pecado; ela não liberta (neste mundo)
da condição de pecador sob o jugo das consequências do pecado – mas ela suaviza
este jugo e faz dele ocasião de mérito.
A virgindade consagrada torna uma mulher
diretamente glória e esposa de Jesus Cristo, e a coloca numa condição em que a
segunda sujeição desaparece.
Por causa dos Anjos.
– Por causa dos bons Anjos, pois eles
são ministros da presença de Deus, santificadores dos lugares onde Deus está
mais particularmente presente (presença eucarística nas igrejas, presença
espiritual nos locais de oração pública [ali onde dois ou três estão reunidos
em meu nome, eu estou no meio deles]) e executores de Sua lei;
– Por causa dos ministros de Deus,
cuja visão não deve ser turbada nas cerimônias santas;
– por causa dos homens, que devem tender
a levar uma vida angélica, dominando a concupiscência, e não o conseguem a não
ser que as mulheres estejam vestidas com pudor e modéstia;
– Por causa dos anjos maus,
que excitam nas mulheres o desejo de agradar, de ser admiradas, de ser
glorificadas (em público, elas arriscam muito de o ser por algum outro que não
o seu esposo). Frequentemente as mulheres creem que esse desejo bem feminino de
agradar seja anódino ou inocente, esquecendo-se de que ele tem como correlativo
o desejo bem masculino de conquistar. Todas as barreiras postas na sociedade
cristã são feitas para que esses dois desejos não se encontrem e não possam
exprimir-se fora do matrimônio legítimo.
Por que então cobrir a cabeça? Por
uma razão simbólica, dada por São Paulo (marca de dependência), e por
uma razão real, que se une àquela (a cabeleira é o ornamento da mulher,
que atrai os olhares). Não quer dizer isto que o resto do corpo possa estar
descoberto, não! As partes visíveis do corpo humano são aquelas menos marcadas
pela animalidade (e, portanto, as menos feridas pelo pecado original): o rosto,
que é o reflexo da alma espiritual, e as mãos, que são os instrumentos da
natureza inteligente.
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Rev. Pe. Hervé BELMONT, Por que
razão as mulheres devem cobrir a cabeça na igreja?, trad. br. por F. Coelho,
dez. 2014, blogue Acies Ordinata, http://wp.me/pw2MJ-2te