No excelente livro “Porque somos catholicos e não
protestantes? Discussão á luz da Escriptura Sagrada, do bom senso e dos factos”
(2ª Edição Brasileira, 1937), escrito por um sacerdote escocês antes do
Concílio Vaticano I (!), com reimprima-se do Arcebispo Metropolitano de
Fortaleza (Ceará), dom Manoel da Silva Gomes, em 1/6/1937, temos claro e
perfeito o ensinamento do Magistério da Santa Igreja sobre os Concílios, e confirmado
até Pio XII. Portanto, tudo o que contraria este ensinamento não é católico. Serve
mui utilmente como refutação às falsas noções tão obsessivamente postadas e
conclamadas em ambientes conservadores e que se afirmam tradicionalistas.
***
CAPÍTULO IX
DOS CONCÍLIOS – SUA AUTORIDADE
P. – Quantas espécies de Concílios há?
R. – Há duas espécies: os Concílios
gerais e os particulares.
P. – Que é um Concílio geral ou ecumênico?
R. – É uma assembleia de Bispos, para a
qual são convidados todos os Bispos do mundo e a que preside o Papa ou os seus
Legados, ou, pelo menos, é aprovada e confirmada por ele.
P. – Que é um Concílio particular, nacional ou provincial?
R. – É uma assembleia de Bispos, para a
qual são convidados todos os Bispos de uma nação ou de uma província.
P. – PODE UM CONCÍLIO ENGANAR-SE EM MATÉRIA DE FÉ?
R. – UM CONCÍLIO GERAL OU ECUMÊNICO É
INFALÍVEL EM MATÉRIA DE FÉ. Não se dá o mesmo com um Concílio particular.
P. – POR QUE DIZEIS QUE UM CONCÍLIO GERAL É INFALÍVEL?
R. – PORQUE, SE UM CONCÍLIO GERAL
ERRASSE EM MATÉRIA DE FÉ, TODA A IGREJA CAIRIA NO ERRO. ORA, ISTO NÃO PODE SER,
PORQUE AS PORTAS DO INFERNO NÃO PREVALECERÃO JAMAIS CONTRA ELA.
P. – POR QUE DIZEIS QUE A IGREJA INTEIRA SE ENGANARIA, SE UM CONCÍLIO GERAL
ENSINASSE O ERRO?
R. – PORQUE OS BISPOS REUNIDOS EM UM
CONCÍLIO GERAL E UNIDOS AO PAPA SÃO A PRÓPRIA VOZ DA IGREJA, QUE TODOS OS FIEIS
OUVEM COM RESPEITO E QUE, POR CONSEQUÊNCIA, NÃO PODERIA ENGANÁ-LOS, SEM QUE
TODA A IGREJA CAÍSSE NO ERRO.
P. – Como devemos considerar a decisão de um Concílio Geral?
R. – Como a decisão do Espírito Santo.
Isto resulta evidentemente da maneira por que se exprimiu São Pedro no decreto
do Concílio de Jerusalém (Atos. 15, 28): “Pareceu bem ao Espírito Santo e a
nós...”
P. – É grande pecado não se submeter a um Concílio Geral?
R. – É um ato de orgulho e da presunção
mais criminosa, e também uma heresia ou um cisma, e, algumas vezes, uma e outra
coisa. É um ato tão criminoso como insensato. Com efeito, aquele que não quer
submeter-se a um Concílio, prefere a sua própria opinião em matéria, nas quais
não tem nem a capacidade, nem o direito de julgar, à decisão maduramente
deliberada de uma imensa assembleia dos juízes mais competentes e mais
legítimos.
P. – NÃO SE PODE DIZER QUE NÃO SOMOS OBRIGADOS A ACEITAR AS DECISÕES DE UM
CONCÍLIO GERAL, SE NÃO FOREM CONFORMES À PALAVRA DE DEUS?
[A resposta abaixo refuta clara e taxativamente
as fortuitas e fantasiosas teorias sobre Concílio Ecumênico, reiteradamente
propostas pelos conservadores e, precipuamente, pelos tradicionalistas de muitos
matizes.]
R. – É ISTO UM SOFISMA, PORQUE É
SUPOR QUE A IGREJA PODE ENSINAR O QUE É OPOSTO À PALAVRA DE DEUS. ORA, ISTO É IMPOSSÍVEL, PORQUE DEUS
FALTARIA A SUA PALAVRA. SEU ESPÍRITO
SANTO NÃO ENSINARIA, COMO PROMETEU A SUA IGREJA, TODA A VERDADE E PARA SEMPRE;
AS PORTAS DO INFERNO PREVALECERIAM CONTRA ELA. DEUS NÃO DISSE AOS HOMENS QUE SE
GUIASSEM PELO QUE JULGASSEM CONFORME À ESCRITURA. MANDOU AOS SEUS MINISTROS QUE
ENSINASSEM A TODAS AS NAÇÕES E DISSE AOS HOMENS QUE AQUELE QUE NÃO CRESSE NELES
SERIA CONDENADO.
P. – Que disse São Paulo aos amigos Bispos da Igreja?
R. – “Prestai atenção a vós mesmos e a
todo o rebanho, do qual o Espírito Santo vos constituiu Bispos, a fim de
governardes a Igreja de Deus” (Atos. 20, 28). Os Bispos devem, pois, governar a
Igreja com a assistência do Espírito Santo, e não poderiam fazê-lo, se não
fossem capazes de discernir, com a maior certeza, as verdadeiras e as falsas
doutrinas.
P. – Pode um Concílio Geral fazer novos artigos de fé?
R. – Os Concílios Gerais são Juízes
infalíveis nas matérias de fé. Podem, portanto, erigir em dogma ou artigo de fé
uma verdade contida na Escritura ou na Tradição, mas não admitida, até então,
como dogma ou artigo de fé, isto é, declarar que esta verdade é revelada por
Deus e propô-la à fé dos cristãos que, sob pena de se tornarem hereges, devem
submeter-se a tal decisão. [Nota do blogue: o infalível Concílio de Trento foi majoritariamente pastoral. Portanto, o fato de um concílio ser apenas pastoral não segue como conclusão que não seja infalível. Muito pelo contrário!]
[Portanto, há somente duas opções: ou
os defensores dos papas conciliares admitem a licitude, validade e
infalibilidade do Concílio Vaticano II, como verdadeiro concílio ecumênico da
Igreja, e por consequência se submetem as suas decisões e mudanças, emanadas de
seu corpo docente, ou negam e rejeitam como um falso concílio, emanado de uma
falsa autoridade/falso papa que o aprovou e confirmou. Não há meio termo! (Nota
do blogue)].