Uma
das propriedades essenciais da Igreja Católica é a sua indefectibilidade. Isso
significa, entre outras coisas, que o ensinamento dela é “imutável e permanece
sempre o mesmo” (Santo Inácio de Antioquia). É impossível para ela contradizer
o seu próprio ensinamento.
Além
disso, outra propriedade essencial da Igreja de Cristo é a
sua infalibilidade. Isso não se
aplica (como alguns católicos tradicionais parecem pensar) apenas a raros
pronunciamentos papais ex cathedra como aqueles que definiram a
Imaculada Conceição e a Assunção. A infalibilidade também se estende
às leis disciplinares universais da Igreja.
O
princípio, exposto em textos clássicos de teologia dogmática como Salaverri
(I:722), Zubizarreta (I:486), Herrmann (I:258), Schultes (314–7) e Abarzuza
(I:447) é tipicamente explicado como segue:
“A INFALIBILIDADE DA IGREJA SE ESTENDE
A... leis eclesiásticas emanadas para a Igreja universal para o
direcionamento do culto cristão e da vida cristã... Mas a Igreja é infalível ao
emanar um decreto doutrinal como foi declarado acima — e isso a tal ponto que
ela nunca pode sancionar uma lei universal que esteja em discrepância com a fé
ou a moralidade, ou que seja por sua própria natureza conducente ao dano das
almas... Se a Igreja viesse a cometer erro, da maneira exposta, quando
legislasse para a disciplina geral, ela deixaria de ser uma guardiã fiel da
doutrina revelada ou uma mestra confiável do modo de vida cristão. Não
seria guardiã da doutrina revelada, pois a imposição de uma lei nociva seria,
para todos os fins práticos, equivalente a uma errônea definição de doutrina;
todos concluiriam naturalmente que aquilo que a Igreja havia mandado quadrava com
a sã doutrina. Não seria mestra do modo de vida cristão, pois introduziria
por suas leis a corrupção na prática da vida religiosa”. [Van Noort, Dogmatic Theology. 2:91.]
É
impossível, então, que a Igreja dê alguma coisa má através das leis dela —
incluindo as leis que regulam o culto.
O
reconhecimento, por um lado, de que a hierarquia pós-Vaticano II sancionou
oficialmente erros e males, e a consideração, por outro lado, das propriedades
essenciais da Igreja levam-nos, assim, a uma conclusão sobre a autoridade da
hierarquia pós-Vaticano II: Dadas a indefectibilidade da Igreja em seu
ensinamento (o ensinamento dela não tem como mudar) e a
infalibilidade da Igreja em suas leis disciplinares universais (as suas leis
litúrgicas não têm como comprometer a doutrina ou prejudicar as
almas), é impossível que os erros e males que elencamos possam ter
procedido do que realmente seja a autoridade da Igreja.
(Fragmento extraído do blogue Acies
Ordinata – Padre Cekada, em “Os Tradicionalistas, a Infalibilidade e o Papa”:
https://aciesordinata.wordpress.com/2012/10/31/textos-essenciais-em-traducao-inedita-clxx/)