Fique bem claro, caros filhos, que, na
raiz dos males atuais e de suas funestas consequências, não está, como antes da
vinda de Cristo ou nas regiões pagãs, a ignorância invencível dos destinos
eternos do homem e das vias fundamentais para atingi-los, mas antes a letargia
de espírito, a anemia de vontade, a frieza dos corações. Os homens atingidos
por esse contágio tendem, para se justificar, a rodear-se das antigas trevas e
procuram um pretexto em novos e antigos erros. É pois sobre suas vontades que é
preciso agir (Pio XII, em Exortação aos fiéis de Roma, de 10-11-1952).
terça-feira, 19 de dezembro de 2017
segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
351ª Nota - O verdadeiro sentido da peregrinação
Catolicismo
n° 22, outubro de 1952
RECEBENDO
em Castelgandolfo um grupo de “Companheiros da São Francisco”, que partiam a pé
para Assis em comemoração do 25º aniversário de sua associação, o Santo Padre Pio XII dirigiu-lhes palavras em que recorda o verdadeiro sentido e a utilidade
espiritual da peregrinação. Disse Sua Santidade:
“Restituir
ao século do automóvel, da estrada de ferro, do avião, a noção do alto significado
espiritual da peregrinação, da estrada tenazmente palmilhada rumo às alturas
consagradas pelo heroísmo dos Santos, eis certamente uma empresa digna dos
grandes séculos de fé.
Nossos
contemporâneos perderam muitas vezes, juntamente com a noção do sobrenatural, o
senso das belas obras da criação, sobretudo dos lugares e coisas santificados
pelas almas de escol, por aqueles que Deus marca com o Seu sinal e encarrega de
transmitir a seus irmãos os dons do céu. A exemplo de Francisco de Assis, procurais
reencontrar esta primeira manifestação da bondade e da grandeza de Deus pela
contemplação de Sua obra. Ides reaprender fielmente esta grande lição nos
lugares animados outrora por sua presença, diante das paisagens que o
auxiliaram a elevar-se para o Senhor.
Vós
ides sobretudo como peregrinos, ansiosos por ali renovar vossas profundas
energias e por rejuvenescer vossas almas nesta fonte sempre fresca que São
Francisco fez jorrar sobre a terra da Úmbria.
Uma
tal meta não se pode atingir sem uma intensa preparação espiritual. De vossa
parte, haveis escolhido a da peregrinação, tão tradicional e ao mesmo tempo tão
eficaz. A peregrinação é uma longa caminhada, que começa por uma separação.
Deixa-se sua própria região, a vida de todos os dias, esquece-se todas as lembranças
banais ou mesquinhas, que entravam e freiam os melhores impulsos. E toma-se
corajosamente a estrada. Renuncia-se às fáceis certezas da refeição, do
alojamento; domina-se a fadiga. A oração abre então mais facilmente seu caminho
para Deus. Quando o descanso reúne os companheiros, um fervor íntimo enriquece
as almas, e difunde-se dentro em pouco ao uníssono de uma prece, de um canto,
de uma troca de pensamentos e de sentimentos. Ela se exalta sobretudo, em uma
tensão toda recolhida, ao redor do altar, quando o Corpo de Cristo oferecido em
sacrifício vem alimentar o cristão em marcha para o Senhor.
A
peregrinação reeduca em vós o espírito de penitência, o sentido da Providência
e da confiança em Deus. Ela vos relembra mesmo, pode-se dizê-lo, o sentido da
vida: um desapego do presente, das alegrias e tristezas de que se tecem vossos
dias, para avançar rumo a um termo cujo atrativo vos fascina. Mas impossível de
lá chegar sem uma renúncia à facilidade, às comodidades, e sobretudo sem
guardar viva no fundo do coração a esperança que sustem vosso esforço. Os
jovens cristãos compreenderam hoje em dia que escola de formação espiritual
encontrariam neste caminhar. Não um caminhar profano, onde só se, procura a
união com a natureza, mas um caminhar santificado pela oração e pela caridade”.
Nota:
Nas peregrinações medievais notava-se não somente pessoas sãs que transpunham
frequentemente a pé grandes distâncias, mas também doentes que se expunham
corajosamente às intempéries e às fadigas, transportados em veículos
primitivos.
sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
350ª Nota - O Nazismo: um movimento de esquerda ou de direita?
Sob
o título de "Socialismo no Nacional Socialismo" ou "A falsa
interpretação marxista do movimento nazista", publicou o tradicional
semanário católico inglês "The Tablet", em seu número de 30 de agosto
do corrente ano, um esclarecedor estudo em torno da mistificação que vem sendo
feita no que tange ao papel revolucionário do nazismo.
Ressurge
a questão com o problema do rearmamento da Alemanha Ocidental. Não é somente a
ala bevanista do socialismo inglês que se mostra contrária a esse rearmamento,
fazendo assim o jogo soviético. Também o sr. Attlee, em recente debate na
Câmara dos Comuns, inflamado de zelo democrático e de amor por seus irmãos os
socialistas teutos, manifestou os seus receios de que através do rearmamento
alemão os infames capitalistas promovam o renascimento do nazismo, apontando
mesmo o perigo de que, ao se organizar um exército de voluntários na República
de Bonn, "o elemento nazista seja o primeiro a se alistar".
A
UNIFORMIDADE COLETIVISTA
Ora,
a argumentação do líder trabalhista britânico encobre uma grande ignorância ou
uma enorme hipocrisia a respeito do fundo ideológico da luta política e social
de nossos dias. E como mesmo no Brasil está reaparecendo a aliança do nacionalismo
com o socialismo, torna-se muito oportuno resumir para os nossos leitores o
mencionado artigo do "Tablet".
A
conexão desses erros teve inicio com o seu próprio aparecimento há cento e
cinqüenta anos atrás, recebeu sua forma final em meados do século passado,
quando o socialismo começou a espalhar-se sob o aspecto
"internacional". Foi a Revolução Francesa que deu ímpeto ao
esquerdismo na Europa, e a essência real do esquerdismo deve ser procurada não
tanto em uma filosofia materialista, mas na tendência "identitária"
que deseja transformar a humanidade (ou uma parte específica da humanidade)
segundo linhas uniformistas e coletivistas. A concretização de tal programa
visionário, que se baseia em um molde específico, somente é possível através da
captura do governo por um partido ("o" partido) que então se entrega
à faina brutal de refazer a sociedade pela coerção.
AS
ORIGENS ESQUERDISTAS DO NAZISMO
Nestas
considerações temos que achar a chave dos erros cometidos tão freqüentemente
pelos elementos "progressistas" que mostram pendores para o
socialismo.
O
nacional-socialismo, como frisou um de seus aderentes da primeira hora, é
"a síntese de duas grandes forças deste país — nacionalismo e
socialismo" (Prof. J. Pfitzner, executado em 1945). Os aspectos sinônimos
das expressões "nacionalização" e "socialização" por si sós
nos deveriam dar uma pista para descobrir a verdade nessa questão. Na própria
gênesis do Partido Nazista as forças da esquerda (muito mais que as da direita)
foram responsáveis pelo seu nascimento. De início tomando corpo como Partido
dos Trabalhadores Germânicos (DAP), organizado na Boemia e Morávia para
competir com o Partido Nacional Socialista Checo (estabelecido por socialistas
vermelhos depois de um cisma), finalmente aceitou o rótulo "Nacional
Socialista" em maio de 1918, isto é, antes do Armistício. Transplantado
para a Alemanha, mas fracassando na católica Baviera em 1923, conquistou o
Reich através de uma série de vitorias eleitorais no Norte e no Nordeste.
Copiando a técnica do Partido Social Democrático (socialista), mobilizou os
não-votantes habituais bem como os elementos dos partidos democráticos.
Mantendo sua estrutura de infra-classe média, penetrou extensamente nas classes
trabalhadoras.
A
FÁBULA CAPITALISTA
Gustav
Stolper, um refugiado austríaco falecido na América do Norte, foi talvez o
primeiro a assinalar, em um livro muito oportuno ("Esta Era de
Fábulas", Nova York, 1942), que a apresentação do nazismo como a
derradeira linha de defesa do capitalismo moribundo, foi um esforço desesperado
para explicar o fenômeno nazista em termos marxistas. Stolper recordava a seus
leitores que a vasta maioria dos intelectuais refugiados da Alemanha hitlerista
pertenciam ao campo marxista (socialista e comunista), e que esses homens não tinham
outra explicação "ortodoxa" da ascensão de uma ideologia que os
tornou sem pátria, senão no velho chavão de todos os marxistas fanáticos, ou
seja, o capitalismo. Com efeito, o nazismo, a seus olhos, não podia passar de
produto traiçoeiro dos infames capitalistas, que deviam ter
"financiado" essa monstruosidade.
É
bem verdade que certos homens de negócio alemães de fato contribuíram com algum
dinheiro para o Partido Nazista, do mesmo modo que os taverneiros americanos
nos dias da Proibição estipendiaram os gângsteres e contrabandistas de bebidas
de modo a deles receber "proteção". E o fato de dinheiro judaico
haver sido canalizado para os mesmos fins poderia servir para sublinhar o drama
de minorias em um sistema democrático em que grandes contingentes de eleitores
habilmente manobrados poderiam "retirá-las do negocio". Aliás é um
assunto que merece estudo à parte, este da ajuda prestada por capitalistas
hebraicos à causa do nazismo. Não obstante, Stolper muito claramente demonstra
que a ajuda financeira desses homens de negócio foi sensivelmente menor que a
fornecida pelas massas que tomaram cartões de inscrição no Partido e
regularmente pagaram suas contribuições.
NAZISMO
E "ASCENSÃO DAS MASSAS"
O
nazismo nunca foi uma conspiração de junkers de sangue azul, de nédios
sacerdotes e de generais de galões dourados contra o "homem comum",
mas, muito pelo contrário, foi uma revolução insuflada nas massas alemãs contra
suas elites que, além do Primeiro e do Segundo Estados, também incluíam uma
coorte de intelectuais e artistas, odiados por motivo de seus aspectos
esotéricos e "antidemocráticos", e, finalmente, o que se convencionou
chamar de "plutocracia". Os nazistas constituíam o partido da
"vasta maioria" ( votações maciças de noventa por cento) aliciada
contra as minúsculas, pouco populares minorias; o partido das "luzes"
do século XIX e do kulturkampf contra os valores permanentes da tradicional
civilização cristã que sempre foi pela liberdade, pela diversidade, pela
personalidade e pela perenidade, contra a escravidão, contra o coletivismo,
contra a uniformidade.
Permanecem
de pé corno fatos incontestáveis o contubérnio do nazismo com um materialismo
biológico e com uma noção barata de ciência, e sua tendência sedentariamente
urbana e anti-agrária. É verdade que o nazismo atacou a propriedade
preferentemente de modo diverso do usual padrão socialista — não pelo confisco,
mas pela fusão do próprio conceito de propriedade na fornalha incandescente de
um autêntico Estado totalitário, tornando-se os proprietários meros mordomos ou
administradores de suas "propriedades". Mas, do mesmo modo que o
esquerdismo liberal da Revolução Francesa, começou os confiscos diretos pela
usurpação dos bens da Igreja.
NAZISMO,
PRECURSOR DA BOLCHEVIZAÇÃO DAS MASSAS
A
estas considerações do Tablet podemos acrescentar que a 19 de outubro de 1936 o
jornal católico holandês "Maasbode" denunciava o nazismo como o
"precursor da bolchevização das massas", transcrevendo uma
carta-aberta de Goebbels (publicada no órgão oficial do Partido Nazista,
"Voelkische Beobachter") endereçada ao chefe comunista em Moscou, do
teor seguinte: "Nós nos combatemos reciprocamente, sem sermos
verdadeiramente inimigos. Assim fazendo, malbaratamos nossas forças e jamais
alcançaremos nossos fins. Pode ser que a extrema necessidade nos aproxime. Pode
ser! Nós, jovens, carregamos conosco a sorte das gerações futuras. Não o
esqueçamos jamais. Eu vos saúdo!"
E
acrescentava o "Maasbode" que o nazismo não combatia o bolchevismo
como tal, mas o comunismo enquanto sistema concorrente na política interna, e a
Rússia soviética como um adversário no tabuleiro do xadrez internacional.
Todo
o "folclore" dos nazistas pertencia à extrema-esquerda — sua bandeira
vermelha não menos que seu anticlericalismo, seu ódio à tradição não menos que
o emocionalismo que os liga diretamente às seitas ferozmente esquerdistas,
milenaristas e radicais do passado.
IRRESISTÍVEL PENDOR PARA A ESQUERDA
Por
todas estas razões prossegue o Tablet não é mera coincidência que zelotes da
primeira hora do nazismo tenham sido largamente absorvidos pelos partidos da
esquerda após 1945. É altamente significativo que muitos nazistas austríacos
tenham achado refúgio congenial no "Partido Independente" (VdU) cujos
membros na última eleição presidencial tornaram possível a vitória de um
candidato socialista (metade dos Independentes se abstiveram e um terço deu
seus votos ao socialismo). Na Alemanha foi o líder socialista Dr. Schumacher,
mais que qualquer outro, que se tornou porta-estandarte do nacionalismo alemão
(e do socialismo) com suas crescentes animosidades esquerdistas contra muitas
formas da ordem cristã, e especialmente da tradição católica. Aliado ao pastor
Niemoeller (que, por seu lado, lança lânguidos olhares para leste), se mostrava
amargamente hostil à aliança com o Ocidente e se opunha às mais práticas
soluções para o problema do rearmamento alemão. Desse modo uma aliança entre os
Sociais Democratas (socialistas) e os novos partidos nacionalistas da extrema
direita (leia-se: extrema esquerda) não é nada impossível. Os
internacionalistas e os nacionalistas uniriam suas forças contra aqueles que
pensam em termos do Ocidente cristão. E quem teria a ganhar com isto senão
Moscou?
O
sr. Attlee não deve dirigir sua lança contra moinhos de vento, mas contra os verdadeiros
continuadores e cultivadores da nefasta obra nazista: os correligionários do
trabalhismo britânico na Alemanha ocidental, os socialistas.
(Excerto
extraído da Revista Catolicismo)
quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
349ª Nota - Conto de Fadas faz bem às crianças?
“O
conto de fadas é acusado de dar às crianças uma falsa impressão do mundo em que
vivem. Na minha opinião, porém, nenhum outro tipo de literatura que as crianças
poderiam ler lhes daria uma impressão tão verdadeira. As histórias infantis que
se pretendem ‘realistas’ tendem muito mais a enganar as crianças.” (C. S.
Lewis, in Três maneiras de escrever para crianças)
Segundo
Tolkien, os contos de fadas podem oferecer ao espírito humano, além de seu
valor literário em si, quatro outras experiências: Fantasia, Recuperação, Escape e
Consolo.
A
Fantasia é uma forma de arte derivada da Imaginação, que visa a produzir
imagens que não estão presentes no que Tolkien chama de Mundo Primário (a
realidade de fato) e a liberdade de dominação dos “fatos” observados, ou seja,
do fantástico. Afirma também que a Fantasia é o poder de produzir Encantamento,
e que não afronta a razão.
“A
Fantasia é uma atividade humana natural. Certamente ela não destrói, muito
menos insulta, a Razão; e não abranda o apetite pela verdade científica nem
obscurece a percepção dela. Ao contrário. Quanto mais aguçada e clara for a
razão, melhor fantasia produzirá.”
A
Recuperação é um modo de readquirirmos o deslumbramento, a admiração pelas
coisas que se tornaram corriqueiras em nossos dias, coisas com as quais não nos
importamos mais, mas que carregam em si mesmas o mistério da vida. (...)
Perceber por meio da Fantasia, o quão maravilhoso é o mundo enquanto criação de
Deus, que as coisas simples da natureza, com as quais lidamos no dia a dia –
uma flor, um gramado verde vivo após a chuva (ou a chuva mesma) –, são de uma
beleza inconteste, que nos levam àquilo que Chesterton disse tão
bem-humoradamente: “Eu sempre acreditava que o mundo envolvia uma mágica: agora
achava que talvez ele envolvesse um mágico”.
O
Escape envolve uma ligeira sutileza. Escape não é a mesma coisa que escapismo.
Com essa distinção Tolkien quer dizer que não se pode confundir “o escape do
prisioneiro com a fuga do desertor”. Sua concepção de escape trata do desejo de
ultrapassar o ordinário, e muitas vezes aterrador, cotidiano.
Por
fim, o Consolo, mais precisamente o Consolo do Final Feliz. Tolkien diz que
assim como a Tragédia é verdadeira forma do Drama, o Consolo do Final Feliz é a
verdadeira forma das histórias de fadas. Para facilitar a compreensão do
conceito, Tolkien criou um termo: Eucatástrofe (boa catástrofe), que é a
mudança repentina de uma situação de revés ao final de uma história; a alegria
do final feliz, que, diferente de ser “escapista” ou “fugitiva”, demonstra uma
graça repentina, um milagre. E arremata dizendo que a própria História Cristã é
a maior eucatástrofe concebível; que o nascimento de Cristo é a eucatástrofe da
história do Homem, e a ressurreição é a eucatástrofe da história da Encarnação.
(Ficção
científica contra o cientificismo: teologia e imaginação moral na trilogia
cósmica de C. S. Lewis, 2016, de Paulo Cruz)
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
348ª Nota - Santo Tomás de Aquino confirma a posição sedevacantista
Santo Tomás de Aquino
(1225-1274) é o maior de todos os doutores da Igreja. É chamado “Doutor Comum”,
“Doutor Angélico” ou “Anjo da Escola”, em razão da excelência de sua doutrina.
Foi exaltado frequentemente pelos Papas.
“Tomás, sozinho, iluminou mais a Igreja do que todos os
outros doutores. Sua doutrina somente poderia ter vindo por uma ação milagrosa
de Deus” (João XXII na bula de canonização).
Que nos ensina esse doutor quase tão infalível quanto o Papa?
O Doutor Angélico é partidário da infalibilidade absoluta e permanente
do Soberano Pontífice:
“A Igreja apostólica (de São Pedro), situada acima de todos
os bispos, de todos os pastores, de todos os chefes da Igreja e dos
fieis, permanece pura de todas as seduções e de todos os artifícios
dos hereges em seus pontífices, em sua fé sempre inteira e na autoridade
de Pedro. Enquanto as outras igrejas são desonradas pelos erros de certos
hereges, somente Ela reina, apoiada sobre fundamentos inabaláveis, impondo
silêncio e fechando a boca de todos os hereges; e nós (...), confessamos e
pregamos em união com Ela a regra da verdade e da santa tradição apostólicas.”
(Citação de São Cirilo de Alexandria por Santo Tomás de Aquino em sua “Catena
Áurea”, em seu comentário sobre o Evangelho de São Mateus, XVI, 18.)
Apoiando-se sobre São Lucas, XXII, 32, o Doutor Comum ensina que a
Igreja não pode errar, porque o Papa não pode errar, e, portanto, não
pode promover o erro nem a heresia.
“A Igreja universal não pode errar, pois Aquele que é ouvido em
tudo por força de sua dignidade disse a Pedro, sobre a profissão de fé em que a
Igreja é fundada: ‘Eu roguei por ti para que tu fé não vacile jamais’” (Suma
Teológica, II-II, q. 1, a. 10).
“Uma vez que as coisas foram decididas pela autoridade da
Igreja universal, quem se recusar obstinadamente a submeter-se a esta decisão, seria
herege. Esta autoridade da Igreja reside principalmente no soberano
Pontífice. Pois foi dito (Decreto XXIV, q. I. c. 1.2): ‘Todas às vezes que uma
questão de fé é agitada, penso que todos nossos irmãos e todos nossos colegas
no episcopado somente devem se remeter a Pedro, a saber, pela autoridade de seu
nome e de sua glória’”.
Nem os Agostinhos, nem os Jerônimos, nem nenhum outro doutor
defendeu sentimento contrário a sua autoridade. É por isso que São Jerônimo
dizia ao Papa São Dâmaso (in expo. Symbol.): “Tal é a fé, Santíssimo Padre,
que aprendemos na Igreja Católica: se em nossa exposição se encontrar alguma
coisa pouco exata ou pouco segura, nós te rogamos que a corrija, tu que possuis
a fé e a Sede de Pedro. Porém, se nossa confissão recebe a aprovação de vosso
julgamento apostólico, quem quiser me acusar provará que é ignorante ou mal
intencionado, ou que não é católico, e não provará que sou herege”
(Suma Teológica, II-II. q. 11. a. 2).
“É necessário ater-se à sentença do Papa, a quem pertence o
pronunciar-se sobre matéria de fé, muito mais que a opinião de todos os sábios”
(Quaestiones quodlibetales q. 9 a 16).
No Salmo XXXIX, 10, está escrito: “Eu anuncie a Tua justiça
na grande assembleia”. Eis o comentário de Santo Tomás: “O salmista falou ‘em
grande assembleia’, isto é, na Igreja Católica, que é grande por seu poder e
firmeza: ‘As portas do Inferno não prevalecerão contra ela’” (S. Mateus, XVI,
18)
Esta firmeza, a Igreja a deve em primeiro lugar
à fé sem
falha do Pontífice Romano como é explicado em um dos opúsculos do santo
doutor: “A Igreja é Una, Santa, Católica e Firme. (...) Quarto: Ela é firme.
Uma casa é firme: 1) quando suas fundações são sólidas. A verdadeira fundação
da Igreja é Cristo (1 Coríntios, III, 2) e os doze apóstolos (Apocalipse, XXI,
14). Para sugerir a firmeza, Pedro é chamado de rocha. 2) A firmeza de uma casa
se manifesta também quando não pode ser derrubada por uma sacudida. A Igreja
não pode ser derrubada nem pelos perseguidores, nem pelas seduções do mundo,
nem pelos hereges. Segundo São Mateus, XVI, 18, as ‘portas do inferno’ (=
hereges) podem triunfar sobre tal ou qual igreja local, porém não contra a
Igreja de Roma donde reside o Papa. É por esta razão que somente a Igreja de
Pedro permanecerá sempre firme na fé. E enquanto que em outra parte a fé não
está completa, ou melhor, mesclada com muitos erros, a Igreja de Pedro, ela, é
forte na fé e pura de todo erro, o que não é surpreendente, visto que o Senhor
disse a Pedro: ‘Eu roguei por ti, para que tua fé não desfaleça’” (Santo
Tomás: Opuscula, opúsculo
intitulado Expositio symboli
apostolorum, passagem relativa ao artigo “Eu creio... na Igreja
Católica” do Símbolo dos Apóstolos).
O ensinamento do Doutor Angélico, por conseguinte, pode se
resumir assim: A fé do Papa é de uma firmeza absoluta e permanente. A doutrina
do Doutor Angélico deve ser “tida religiosamente” (santa) por todos os
professores de seminários (cânon: 1.366, § 2). A Igreja dá a entender por isto
o quanto Ela julga necessário que os jovens seminaristas (que mais tarde
formarão o baixo e alto cleros) sigam em tudo o Doutor Comum.
São Pio X dizia: “Afastar-se de Santo Tomás é se colocar em grave perigo” (Motu Proprio Sacrorum Antistitum, 1º de setembro
de 1910).
Ademais: “Aqueles que se afastam de Santo Tomás são por causa
disto levados a tal ponto que se arrancam da Igreja” (Carta Delata
Nobis, 17 de novembro de 1907, dirigida ao padre Thomas Pègues).
quarta-feira, 6 de dezembro de 2017
347ª Nota - Santo Tomás de Aquino e o Sedevacantismo
“A
Igreja apostólica (de São Pedro), situada acima de todos os bispos, de todos os
pastores, de todos os chefes da Igreja e dos fieis, permanece pura de
todas as seduções e de todos os artifícios dos hereges em seus pontífices, em sua fé
sempre inteira e na autoridade de Pedro. Enquanto as outras igrejas são
desonradas pelos erros de certos hereges, somente Ela reina, apoiada sobre fundamentos inabaláveis,
impondo silêncio e fechando a boca de todos os hereges; e nós (...), confessamos e pregamos em união com Ela a
regra da verdade e da santa tradição apostólicas.”
(Citação
de São Cirilo de Alexandria por Santo Tomás de Aquino em sua “Catena Áurea”, em
seu comentário sobre o Evangelho de São Mateus, XVI, 18.)
NB:
diante disso, como podem ainda muitos admitir e aceitar inconteste que Francisco
Bergoglio seja Papa e sua falsa Igreja, a Igreja Católica, Apostólica, Santa e “firme”
(como a qualificava o doutor Angélico).
terça-feira, 5 de dezembro de 2017
346ª Nota - Que é a Beleza?
A Beleza consiste,
portanto, na aquisição da Sabedoria que, por sua vez, é
a instalação da ordem na vida, a paz interna, a felicidade do mundo
espiritual autônomo e independente do agir no mundo.
Essa
ênfase estoica na filosofia moral não era novidade no Ocidente. Fazia parte da
tradição socrático-platônica considerar os temas filosóficos sob o prisma
metafísico do Bem, da Verdade e do Belo. Essa tendência foi
acentuada pelo Neoplatonismo (sécs. III-VI). Plotino (c. 205-270),
filósofo grego, talvez o mais proeminente pensador entre os neoplatônicos,
dedicou um capítulo de suas Enéadas (Ἐννεάδες) ao Belo. Ele dirige-se
à visão, embora haja, de fato, uma beleza para a audição (pois a melodia e o
ritmo são belos). Beleza é a simetria das partes e suas cores. Mas as
mentes que se elevam para além dos sentidos encontram uma beleza superior,
a beleza da conduta de uma vida correta – em atos, em caráteres, em
virtudes. E tudo o que é relacionado à alma é belo.
Ademais,
a justiça e a temperança são mais belas que a aurora e o
crepúsculo, mas só podem ser apreciadas por aqueles que veem com os olhos da
alma. Esses conseguem experimentar um deleite, uma alegria, um assombro:
estão a contemplar o verdadeiro reino da Beleza. Lá encontra-se
a alma honesta, a que é justa, nobre, digna, calma, pura de costumes (isto
é, recatada, modesta), serena, impassível. Essa alma, purificada, torna-se
uma forma e uma razão. Essa beleza da alma é a existência
real, a verdadeira realidade. O resto, corpóreo, não é real, mas um mundo de
sombras, traços, imagens irreais.
O
mundo material das belezas corporais parece relegado mais decisivamente a ser
imagem, traço, sombra, espectro da verdadeira beleza. Por isso, o homem
deve habituar sua alma à contemplação das belas ocupações, das belas obras, e
especialmente das almas daqueles que realizam essas belas obras. A beleza
atrelada ao bem (ordem moral) é também um imperativo. Por isso, o símbolo maior
da feiúra é a alma dissoluta e injusta, cheia de concupiscências e desequilíbrios
– alma covarde, mesquinha, invejosa, infectada pelo deleite dos prazeres
impuros das paixões corporais (Enéadas, I, 5).
Com
Plotino já está esboçada a tríade que marcará profundamente todo o pensamento
medieval: Unum, Verum, Bonum. A beleza decorre da consideração
desses transcendentais. Tais esferas de valor estavam integradas,
completavam-se e não podiam separar-se. Por fim, para contemplar retamente a
beleza – das criaturas e da natureza – haveria uma única exigência por parte da
mente contemplativa (muito mais tarde definida belamente por Dante Alighieri
[1265-1321]): um olhar claro e uma mente pura (“con occhio chiaro e con affetto
puro”, Paraíso, Canto VI, 87).
(Extraído
do sítio Ricardo Costa – Idade Média)
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
345ª Nota - Sêneca sobre a felicidade
“Peço-te,
Lucílio amigo, age da única maneira possível para obteres a felicidade: repele
e despreza aqueles bens que só brilham por fora, que dependem das promessas de fulano
ou das benesses de cicrano. Faz do verdadeiro bem o teu alvo, busca a alegria
dentro de ti. Que significa ‘dentro de ti’? Significa que a felicidade se
origina em ti mesmo, na melhor parte de ti mesmo (...). Se queres saber em que
consiste e donde provém o verdadeiro bem, vou dizer-te: consiste na boa
consciência, nos propósitos honestos, nas ações justas, no desprezo pelos bens
fortuitos, no ritmo tranquilo e constante de uma vida que trilha um único
caminho. (...) Raros são os homens que conseguem ordenar reflexivamente a sua
vida. Os outros, à maneira de destroços arrastados por um rio, em vez de
caminharem deixam-se levar à deriva.”
(Extraído
do sítio Ricardo Costa)
quarta-feira, 29 de novembro de 2017
344ª Nota - Pio XII sobre a formação da consciência cristã e a "moral nova"
Introdução
A FAMÍLIA é o berço onde nasce e se desenvolve a nova vida,
que para não perecer necessita ser ensinada e educada: é este um direito e um
dever fundamental, conferidos e impostos imediatamente por Deus aos pais. A
educação tem, na ordem natural, como conteúdo e fim o desenvolvimento da
criança para se tornar um homem completo; a educação cristã tem como conteúdo e
fim a formação do novo ser humano, renascido pelo batismo, para que se torne um
perfeito cristão. Tal obrigação, que sempre constituiu uma regra e uma honra
para as famílias cristãs, é solenemente prescrita pelo cânon 1.113 do Código de
Direito Canônico, que declara: “Os pais têm a grave obrigação de velar com todo
o cuidado pela educação religiosa e moral, física e cívica de seus filhos, e de
prover igualmente ao seu bem estar temporal”.
Tema da alocução
As mais urgentes questões concernentes a um tão vasto assunto
foram esclarecidas várias vezes por Nossos Predecessores e por Nós mesmos. Eis
porque Nós Nos propomos agora, não repetir o que já foi amplamente exposto, mas
sobretudo chamar a atenção sobre um elemento que, se bem que base e apoio da
educação, especialmente cristã, ao contrário parece a muitos, à primeira vista,
ser-lhe quase estranho. Nós queríamos falar do que existe de mais profundo e
intrínseco no homem: sua consciência. Somos levados a tal pelo fato de que
certas correntes do pensamento moderno começam a alterar-lhe o conceito e a
combater-lhe o valor. Trataremos, pois, da consciência como objeto da educação.
O que é a consciência
A consciência é como que o núcleo mais íntimo e secreto do
homem. É lá que ele se refugia com suas faculdades espirituais numa solidão
absoluta: só consigo mesmo, ou melhor, só com Deus — cuja voz se faz ouvir pela
consciência — e consigo mesmo. É lá que ele se resolve para o bem ou para o
mal; é lá que escolhe entre o caminho da vitória e o da derrota. Mesmo que o
quisesse, o homem jamais chegaria a desembaraçar-se dela; com ela, quer ela o
aprove, quer o condene, percorre todo o caminho da vida, e com ela ainda,
testemunha verídica e incorruptível, apresentar-se-á ele ao juízo de Deus. A
consciência é, portanto, para tomar uma imagem antiga mas inteiramente justa,
um santuário diante do qual todos devem se deter; todos, mesmo o pai e a mãe,
sempre que se trata de seu filho. Somente o Padre nela entra, como médico das
almas e como ministro do sacramento da Penitência; mas a consciência não deixa
de ser um santuário ciosamente guardado, pela preservação de cujo segredo Deus
mesmo vela, sob o véu do mais sagrado dos silêncios.
Pode ser realizada uma educação da consciência?
Em que sentido, pois, pode-se falar da educação da
consciência? É conveniente se referir a alguns conceitos fundamentais da
doutrina católica, para bem compreender que a consciência pode e deve ser
educada.
O Divino Salvador trouxe para o homem ignorante e fraco Sua
verdade e Sua graça: a verdade para lhe indicar o caminho que conduz a seu fim;
a graça para lhe conferir a força de poder atingi-lo.
a — SIM, PELA FORMAÇÃO DA INTELIGÊNCIA INSTRUÍDA NOS
MANDAMENTOS
Percorrer este caminho significa, na prática, aceitar a
vontade e os mandamentos de Cristo e tornar sua vida conforme com eles, isto é,
cada ato interior e exterior que a livre vontade humana escolhe e fixa. Ora,
qual é, senão a consciência, a faculdade espiritual que, nos casos
particulares, indica à vontade, para que ela os escolha e resolva, os atos que
são conformes à vontade divina? Ela é, portanto, o eco fiel, o puro reflexo da
regra divina dos atos humanos. De tal sorte que as expressões tais como “o
julgamento da consciência cristã”, ou esta outra “julgar segundo a consciência
cristã”, têm o seguinte sentido: a regra da decisão última e pessoal para uma
ação moral provém da palavra e da vontade de Cristo. Ele é, com efeito, o
caminho, a verdade e a vida, não somente para todos os homens tomados em
conjunto, mas para cada um tomado individualmente (cfr. Jo. 14,6): ele o é para
o homem adulto, ele o é para a criança, ele o é para o jovem.
Segue-se daí que formar a consciência cristã de uma criança
ou de um jovem consiste primeiramente em esclarecer seu espírito sobre a
vontade de Cristo, sobre a Sua lei, sobre o caminho que Ele lhe indica e, além
disto, em agir sobre sua alma, o quanto isto possa ser feito do exterior, a fim
de o induzir a cumprir sempre livremente a vontade divina. Eis qual é a mais
alta tarefa da educação.
b — TORNANDO A INTELIGÊNCIA DÓCIL AO MAGISTÉRIO DA IGREJA
Mas onde o educador e a criança encontrarão concretamente,
facilmente e com certeza, a lei moral cristã? Na lei do Criador impressa no
coração de cada um (cfr. Rom. 2, 14-16), e na revelação, isto é, no conjunto
das verdades e dos preceitos ensinados pelo Divino Mestre. Todo este conjunto —
a lei escrita no coração, ou lei natural, e as verdades e preceitos da
revelação sobrenatural — Jesus nosso Redentor o confiou, como o tesouro moral
da humanidade, à Sua Igreja, para que Ela o pregue a todas as criaturas, o
ilustre e o transmita, intacto e preservado de toda contaminação e erro, de uma
geração a outra.
Erros na formação e na educação da consciência cristã
Contra esta doutrina, incontestada durante longos séculos, se
erigem hoje dificuldades e objeções às quais é necessário esclarecer.
Na doutrina moral católica, como no dogma, quer-se fazer de
qualquer modo uma radical revisão para daí deduzir uma nova ordem de valores.
O primeiro passo, ou para dizer melhor, o primeiro golpe dado
sobre o edifício das regras morais cristãs, deveria ser — como o pretendem —
desvencilhá-la da vigilância estreita e opressiva da autoridade da Igreja;
libertada então das subtilezas e sofismas do método casuístico, a moral seria
reconduzida à sua forma originária e à determinação da consciência individual.
Cada pessoa pode ver a que funestas consequências conduziria
um tal transtorno nos próprios fundamentos da educação.
Sem acentuar a manifesta inexperiência e imaturidade de
julgamento dos que sustentam semelhantes opiniões, é conveniente colocar em evidência
o vício capital desta “nova moral”. Submetendo todo critério ético à
consciência individual, ciosamente fechada em si mesma e arvorada como juiz
absoluto de suas determinações, esta teoria, bem longe de lhe aplainar o
caminho, a afasta do verdadeiro caminho que é Cristo.
O Divino Redentor entregou Sua Revelação, da qual as
obrigações morais são parte essencial, não aos homens isoladamente, mas à Sua
Igreja, à qual Ele deu a missão de os guiar e de guardar fielmente este
depósito sagrado.
Do mesmo modo, a assistência divina, destinada a preservar a
Revelação de erros e deformações, foi prometida à Igreja e não aos indivíduos.
Sábia previdência, pois que a Igreja, organismo vivo, pode assim, com segurança
e facilidade, seja esclarecer e aprofundar as verdades igualmente morais, seja
aplicá-las, mantendo intacto o essencial, nas condições variáveis de lugar e de
tempo. Considere-se, por exemplo, a doutrina social da Igreja, que, surgida
para responder a necessidades novas, nada fez senão a aplicação da eterna moral
cristã às presentes circunstâncias econômicas e sociais.
Como é, então, possível conciliar a previdente disposição do
Salvador, que confiou à Igreja a proteção do patrimônio moral cristão, com uma
espécie de autonomia individualista da consciência?
Esta última, subtraída de seu clima natural, não pode
produzir senão frutos venenosos, que se reconhecerão pela simples comparação
com certas características da conduta tradicional e da perfeição cristãs, cuja
excelência é provada pelas obras Incomparáveis dos Santos.
A “nova moral”, acusando a Igreja de rigorismo, acusa de fato
o próprio Cristo
A “nova moral” afirma que a Igreja, em lugar de suscitar a
lei da liberdade humana e do amor, e de insistir sobre ela como justo estímulo
da vida moral, se apoia ao contrário, por assim dizer exclusivamente e com uma
rigidez excessiva, sobre a firmeza e a intransigência das leis morais cristãs,
recorrendo frequentemente a estes “vós sois obrigados”, “não é permitido”, que
têm por demais o tom de um pedantismo aviltante.
Ora, a Igreja quer, ao contrário — e ela o põe expressamente
em evidência quando se trata de formar as consciências — que o cristão seja
introduzido nas riquezas infinitas da fé e da graça, de um modo persuasivo, a
ponto de se sentir inclinado a penetrá-las profundamente.
Entretanto a Igreja não pode deixar de advertir os fieis de
que estas riquezas não podem ser adquiridas e conservadas senão pelo preço de
obrigações morais precisas. Uma conduta diversa terminaria por fazer esquecer
um princípio dominante, sobre o qual sempre insistiu Jesus, seu Senhor e
Mestre. Com efeito, Ele ensinou que para entrar no reino dos céus não é
suficiente dizer: “Senhor, Senhor”, mas que é preciso que a vontade de Pai
Celeste seja cumprida (cfr. Mat. 7,21). Ele falou da “porta estreita” e do “caminho
estreito” que conduz à vida (cfr. Mat. 7,13-14), e Ele acrescentou: “Esforçai-vos
por entrar pela porta estreita, porque, eu vô-lo declaro, existem muitos que
procurarão aí entrar, sem o conseguirem” (cfr. Luc. 13,24). Cristo fixou como
pedra de toque e traço distintivo do amor a Ele, a observância dos mandamentos
(cfr. Jo. 14, 21-24). Igualmente, ao jovem rico que O interroga, Ele responde: “Se
queres entrar na vida, observa os mandamentos”, e à nova pergunta “Quais?",
responde: “Não matar! não cometer adultério! não roubar! não prestar falso
testemunho! honra teu pai e tua mãe! e ama a teu próximo como a ti mesmo!” Ele
estabeleceu como condição a quem O quer imitar, que renuncie a si mesmo e tome
cada dia a própria cruz (cfr. Luc. 9,23). Ele exige que o homem esteja pronto a
deixar, por Ele e pela Sua causa, tudo o que tem de mais caro, como seu pai,
sua mãe, seus próprios filhos, e até o último bem, a própria vida (cfr. Mat. 10,
37-39). Pois Ele acrescenta: “Eu vô-lo digo, a vós, meus amigos, não tenhais
medo dos que podem matar o corpo, mas que, isto feito, nada mais podem.
Dir-vos-ei o que deveis temer: temei Aquele que, após ter dado a morte, tem o
poder de vos lançar no inferno” (cfr. Luc. 12, 4-5).
Foi assim que falou Jesus, o Divino Pedagogo, que sabe
certamente, melhor do que os homens, penetrar nas almas e as atrair a Seu amor
pelas perfeições infinitas do Seu Coração, bonitate
et amore plenum (Ladainha do Sagrado Coração de Jesus).
E São Paulo, o Apóstolo dos gentios, pregou ele
diferentemente? Com seu veemente tom de persuasão, revelando o encanto
misterioso do mundo sobrenatural, ele expôs a grandeza e o esplendor da fé
cristã, as riquezas, o poder, a benção, a felicidade que ela encerra,
oferecendo-as às almas como digno objeto da liberdade do cristão e como fim
irresistível dos mais puros impulsos de amor. Não é menos verdade que são
igualmente dele advertências como esta: “Operai vossa salvação com temor e
tremor” (cfr. Phil. 2, 12), e que jorraram desta mesma pena altos preceitos de
moral, destinados a todos os fieis, quer sejam de uma inteligência comum, ou
almas de uma elevada sensibilidade. Tomando pois como estrita norma as palavras
de Cristo e do Apóstolo, não se poderia talvez dizer que a Igreja de hoje em
dia tem sido mais vezes levada à condescendência que à severidade? De tal modo
que a acusação de opressiva dureza, levantada contra a Igreja pela “moral nova”,
vai em primeiro lugar atingir a adorável Pessoa do próprio Cristo.
Outros erros da “moral nova”
a — A CASTIDADE NÃO CONSTITUIRIA DEVER GRAVE PARA OS JOVENS CONSCIENTES também do direito e do dever da Sé Apostólica de intervir,
quando é necessário, com autoridade nas questões morais, Nós Nos propusemos, no
discurso de 29 de outubro do ano passado, esclarecer as consciências sobre os
problemas da vida conjugal. Com a mesma autoridade Nós declaramos hoje aos
educadores e à própria juventude: o mandamento divino da pureza da alma e do
corpo é igualmente válido sem diminuição para a juventude de hoje em dia. Também
ela tem a obrigação moral, e com o auxílio da graça, a possibilidade de se
manter pura. Repelimos, pois, como errônea a afirmação dos que consideram
inevitáveis as quedas durante os anos da puberdade, quedas estas que, pois, não
mereceriam que se fizesse delas grande caso, como se não fossem faltas graves,
porque ordinariamente, acrescentam eles, a paixão suprime a liberdade
necessária para que um ato seja moralmente imputável.
Pelo contrário, é uma regra obrigatória e sábia que o
educador, sem entretanto negligenciar a apresentação aos jovens das nobres
qualidades da pureza, de maneira a induzi-los a amá-la e desejá-la por si
mesma, inculque sempre claramente o mandamento como tal, com toda sua gravidade
e sua importância de lei divina. Ele estimulará assim os jovens a evitar as
ocasiões próximas, os encorajará na luta cujo rigor não lhes esconderá, os
incitará a aceitar corajosamente os sacrifícios que a virtude exige, e os
exortará a perseverar e a não cair no risco de depor as armas desde o começo e de
sucumbir sem resistência aos maus hábitos.
b — A MORAL NÃO DEVE VIGORAR SENÃO NA VIDA PRIVADA
Mais ainda que no domínio da vida privada, muitos quereriam
hoje em dia excluir a autoridade da lei moral na vida pública, econômica e
social, na ação dos poderes públicos no interior e no exterior, na paz e na
guerra, como se Deus nestes assuntos nada tivesse a dizer, ao menos de
definitivo.
A emancipação das atividades humanas exteriores, como as
ciências, a política, a arte, com relação à moral, é por vezes motivada no
plano filosófico pela liberdade que a cada uma destas atividades pertence, no
respectivo campo, de se governar exclusivamente segundo as próprias leis, se
bem que se reconheça que estas concordam de ordinário com as da moral.
c — A ARTE NADA TEM QUE VER COM A MORAL
E no campo da arte, por exemplo, denega-se-lhe não somente
qualquer dependência, mas ainda toda relação com a moral, dizendo: a arte é
unicamente arte, e não moral ou qualquer outra coisa; ela deve portanto se
reger segundo as leis da estética, as quais, se são verdadeiramente tais,
jamais se rebaixarão a favorecer a concupiscência.
A autonomia teoria em relação à moral é praticamente uma
rebelião contra a moral.
d — OS VÁRIOS RAMOS DA ATIVIDADE HUMANA SE REGEM POR LEIS
PRÓPRIAS, E NÃO PELA LEI MORAL
Da mesma maneira falam da política e da economia, que não
necessitam tomar conselho de outras ciências, portanto nem mesmo da moral, mas,
guiadas pelas suas próprias leis, são por si mesmas boas e justas.
Trata-se, como se vê, de um modo sutil de subtrair as
consciências da autoridade das leis morais. Em verdade, não se pode negar que
tais autonomias sejam justas, enquanto elas exprimem o método próprio a cada
atividade e os limites que separam em teoria suas diversas formas; mas a
separação dos métodos não deve significar que o sábio, o artista, o político
sejam libertados de toda preocupação moral no exercício de suas atividades,
especialmente se elas têm incidências imediatas no domínio da ética, como a
arte, a política, a economia. A separação pura e teórica não tem sentido na
vida, que é sempre uma síntese, pois que o sujeito único de toda espécie de
atividade é o próprio homem, cujos atos livres e conscientes não podem escapar
à apreciação moral. E continuando a observar o problema com um olhar largo e
prático, que falta às vezes aos filósofos mesmo insignes, tais distinções e
autonomias servem, em uma natureza decaída, para apresentar como leis da arte,
da política e da economia, o que convém à concupiscência, ao egoísmo e à
cupidez.
A “moral nova” é uma rebelião contra a moral
Assim a autonomia teórica relativamente à moral se torna
praticamente uma rebelião contra esta, e de outro lado se rompe aquela harmonia
inerente às ciências e às artes, que os filósofos desta escola verificam claramente,
mas declaram ocasional, apesar de ela, pelo contrário, ser essencial se se a
considera com relação ao sujeito que é o homem, e a seu Criador que é Deus.
Eis porque Nossos Predecessores e Nós mesmos, na convulsão da
guerra e nos confusos acontecimentos de após-guerra, não cessamos de insistir
no princípio de que a ordem querida por Deus abrange a vida inteira, sem
excetuar a vida pública, em todas as suas manifestações, persuadidos de que não
há nisto qualquer restrição imposta à verdadeira liberdade humana, nem qualquer
intromissão na competência do Estado, mas uma segurança contra os erros e os
abusos, contra os quais a moral cristã retamente aplicada deve ser uma
proteção. Estas verdades devem ser ensinadas aos jovens, e inculcadas em suas
consciências pelos que, na família ou na escola, têm a obrigação de assegurar a
sua educação, lançando assim o gérmen de um porvir melhor.
Exortação final
Eis o que Nós queremos vos dizer hoje, caros filhos e filhas
que Nos escutais, e em vô-lo dizendo, não encobrimos a ansiedade que Nos oprime
o coração diante deste formidável problema, onde estão em causa o presente e o
futuro do mundo, e o destino eterno de tantas almas. Que reconforto Nos daria a
certeza de que partilhais de Nossa ansiedade pela educação cristã da juventude!
Educai as consciências de vossos filhos com energia e perseverança. Educai-as
para o temor, como para o amor de Deus. Educai-as para amar a verdade. Mas sede
antes de tudo, vós mesmos, respeitosos da verdade, e afastai da educação tudo
quanto não é autêntico e verdadeiro. Imprimi na consciência dos jovens o puro
conceito da liberdade, da verdadeira liberdade, digna e característica de uma
criatura feita à imagem de Deus. Ela é coisa bem diferente de dissolução e
incontinência; ela é, ao contrário, uma comprovada capacidade para o bem; ela
faz com que o homem se decida por si mesmo a querer e cumprir o bem (cfr. Gol.
5,13); ela é o domínio sobre as faculdades, sobre os instintos, sobre os
acontecimentos. Ensinai-os a orar e a haurir na fonte da Penitência e da
Sagrada Eucaristia o que a natureza não pode dar: a força de não cair, a força
de se reerguer. Sintam eles desde sua juventude que sem o auxílio destas
energias sobrenaturais, não chegarão a ser nem bons cristãos, nem simplesmente
homens honestos, aos quais seja reservada uma vida serena. Mas assim
preparados, eles poderão aspirar igualmente ao que há de melhor, eles poderão
se dar a esta alta utilização de si próprios, cujo mais alto termo será a honra
deles: realizar a Cristo em suas vidas.
Para atender a este fim Nós exortamos todos os Nossos caros
filhos e filhas da grande família humana a ser retamente unidos entre si:
unidos para a defesa da verdade, para a difusão do Reino de Cristo sobre a
terra. Que se expulse toda divisão, que se afaste todo ressentimento; que se
sacrifique generosamente - custe o que custar - este bem superior, a este ideal
supremo, toda visão particular, toda preferência subjetiva: “se um mal desejo
vos sugere outra coisa”, que vossa consciência cristã ultrapasse a toda a
prova, de tal sorte que o inimigo de Deus, “no meio de vós, não se ria de vós”
(cfr. Dante, Paraíso, 5, 79-81). Que o vigor da sã educação se revele em sua
fecundidade em todos os povos que receiam pelo futuro de sua juventude. Assim o
Senhor vos concederá, a vós e a vossas famílias, a abundância de suas graças,
em penhor das quais Nós vos concedemos com coração paternal a Benção
Apostólica.
(Extraído da Revista Catolicismo)
terça-feira, 28 de novembro de 2017
343ª Nota - Como se faz um playboy
1)
Dê a seu filho, desde pequenino, tudo o que ele deseja. Assim crescerá pensando
que tudo no mundo é dele.
2)
Se ele disser palavrões, ache graça. Ele pensará que é muito esperto.
3)
Não lhe dê orientação moral. Diga: “Quando tiver 21 anos escolherá por si mesmo
a religião que quiser”.
4)
Nunca lhe diga “não faça isso”. Ele criará complexos de culpa. Mais tarde,
quando for preso como ladrão de carros, diga: “A sociedade o persegue”.
5)
Apanhe o que ele jogar no chão. Ele saberá que os outros devem fazer as coisas
que lhe competem.
6)
Deixe-o ler de tudo. Mas esterilize sua xícara para ele não se contaminar.
7)
Discuta diante dele. Quando seu lar desmoronar ele não estranhará.
8)
Satisfaça todos os seus desejos, para ele não ser frustrado.
9)
Dê-lhe, generosamente, todo o dinheiro que ele quiser.
10)
Dê-lhe sempre razão. A polícia e os professores é que o perseguem.
11)
Quando estiver perdido, explique que nada mais se pode fazer. E prepare-se para
uma vida amarga e de sofrimentos.
Ambientes,
Costumes e Civilizações – Como se chegou até isto? (Revista Catolicismo)
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
342ª Nota - Em qual lado devemos ficar?
“Devemos
recordar que se todos os homens manifestamente bons estivessem de um lado e
todos os homens manifestamente maus do outro, não haveria perigo de que
ninguém, e menos ainda dos eleitos, fosse enganado por mentiras sedutoras. São
os homens bons, anteriormente muito bons, os que vão fazer o trabalho do
Anticristo e os que vão crucificar de novo, desgraçadamente, o Senhor...
Observe esta
característica dos últimos tempos, que este engano provirá dos homens bons que
estão do lado equivocado.”
Padre Frederick Faber,
Sermão para o Domingo de Pentecostes de 1861, citado no P. Denis
Fahey, O Corpo Místico de Cristo no mundo moderno
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
341ª Nota - Finalidade da Alma
Como
a alma é substância invisível, muitos homens não têm conhecimento dela, nem
sabem usá-la e ordená-la para a finalidade para a qual foi criada, isto é, lembrar, conhecer e amar a Deus.
Bem-aventurado Raimundo Lúlio,
mártir, Livro da Alma Racional, Prólogo
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
340ª Nota - Ser pacífico sem ser pacifista
Da vida de São Bernardino de Siena
(1380-1444): A justiça exige, a seu ver, a punição dos culpados; ele quer que
os maus, os ladrões, os traidores sejam expulsos da cidade (...). É um dever
detê-los em sua obra do demônio, impedi-los de corromper a casa, a cidade, o
país, Deus o quer assim.
(...) Ele que tinha trabalhado tanto
pela paz, soube evitar o pacifismo a qualquer preço. Grande pacífico, mas de
modo nenhum pacifista. Mostrou-o claramente em 1440, quando reanimou os
florentinos ameaçados pelo «condottiere» Piccinino, e exortou-os à batalha que
foi uma vitória. — («Saint Bernardin de Sienne», por Henri Clouard — Editions
Franciscaines, Paris — 1946 — pp. 66 e 78)
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
339ª Nota - Por que estudar latim?
A VERDADEIRA IMPORTÂNCIA DO LATIM
É de todo falso pensar que a primeira
finalidade do estudo do latim está no benefício que traz ao aprendizado do
português. (...)
Chegados ao Brasil, três eminentes
matemáticos de renome internacional, Gleb Wataghin, professor de mecânica
racional e de mecânica celeste, Giacomo Albanese, professor de geometria, e
Luigi Fantapié, professor de análise matemática, que vieram contratados para
lecionar na recém-fundada Faculdade de Filosofia de São Paulo – o professor Wataghin
é considerado, no mundo inteiro, um dos maiores pesquisadores de raios cósmicos
– cuidaram, logo após os primeiros meses de aula, de enviar um ofício ao então
ministro da educação, que na época cogitava de reformar o ensino secundário.
Vejamos o que, mais de esperança que de desânimo, continha esse ofício, do qual
tive conhecimento antes do seu endereçamento, dada a solicitação dos três
grandes professores de uma revisão minha do seu português: “Chegados ao Brasil,
ficamos admirados com o cabedal de fórmulas decoradas de matemática com que os
estudantes brasileiros deixam o curso secundário, fórmulas que na Itália – os
três professores eram catedráticos de diferentes faculdades italianas – são
ensinadas somente no segundo ano de faculdade; ficamos, porém, chocados com a
pobreza de raciocínio, com a falta de ilação dos estudantes brasileiros;
pedimos a vossa excelência que na reforma que se projeta se dê menos matemática
e MAIS LATIM no curso secundário, para que possamos ensinar matemática no curso
superior”. (...)
Não encontra o pobre estudante
brasileiro quem lhe prove ser o latim, dentre todas as disciplinas, A QUE MAIS
FAVORECE o desenvolvimento da inteligência. Talvez nem mesmo compreenda o
significado de “desenvolver a inteligência”, tal a rudeza de sua mente,
preocupada com outras coisas que não estudos.
O hábito da análise, o espírito de
observação, a educação do raciocínio dificilmente podemos, pobres professores,
conseguir de um estudante preocupado tão só com médias, com férias, com bolas,
com revistas.
Muita gente há, alheia a assuntos de
educação, que se admira com ver o latim pleiteado no curso secundário, mal
sabendo que ensinar não é ditar e educar não é ensinar. É ensinar dar
independência de pensamento ao aluno, fazendo com que de per si progrida: o professor é guia. É educar incutir no estudante
o espírito de análise, de observação, de raciocínio, capacitando-o a ir além da
simples letra do texto, do simples conteúdo de um livro, incentivando-o,
animando-o. No fazer do estudante de hoje o cidadão de amanhã está o trabalho
educacional do professor.
Quando o aluno compreender quanta
atenção exige o latim, quanto lhe prendem o intelecto e lhe deleitam o espírito
as várias formas flexionais latinas, a diversidade de ordem dos termos, a variedade
de construções de um período, terá de sobejo visto a excelente cooperação, a
real e insubstituível utilidade do latim na formação do seu espírito e a razão
de ser o latim obrigatório nos países civilizados.
Ser culto não é conhecer idiomas
diversos. Não é o conhecimento do inglês nem do francês que vem comprovar
cultura no indivíduo. Tanto o marinheiro, tanto mascate, tanto cigano há a quem
meia dúzia de idiomas são familiares sem que, no entanto, possuam cultura.
Não é para ser falado que o latim deve
ser estudado. Para aguçar o intelecto, para tornar-se mais observador, para
aperfeiçoar-se no poder de concentração de espírito, para obrigar-se à atenção,
para desenvolver o espírito de análise, para acostumar-se à calma e à
ponderação, qualidades imprescindíveis ao homem de ciência, é que o aluno
estuda esse idioma. (...)
Raciocinar é, partindo de ideias
conhecidas, diferentes, chegar a uma terceira, desconhecida, e é o latim,
quando estudado com método, calma e ponderação, o maior fator para aguçar o
poder de raciocínio do estudante, tornando-lhe mais claras e mais firmes as
conclusões. (...)
A questão não é o que os meninos vão
fazer do latim, MAS O QUE O LATIM VAI FAZER DOS MENINOS.
“Para nós – são palavras do eminente
educador, padre Augusto Magne – o que interessa no latim é sua literatura, SUA
VIRTUDE FORMADORA DO ESPÍRITO.”
(Excerto do Prefácio do Prof. Napoleão
Mendes de Almeida, in GRAMÁTICA
LATINA, 24ª Edição, 1992)
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