Amigos, vivam Cristo, Maria e José!
As perguntas e preocupações colocadas
por um amigo me fizeram lembrar do tempo em que eu era antissedevacantista
visceral. São as mesmas ou muito próximas das minhas passadas. Porém, quando se
vai questionando e buscando a resposta, tudo vai concomitantemente ficando
menos escuro, e vemos a luz. Posso afirmar que saí da M. sabendo
superficialmente o que é Magistério da Igreja, Papado, heresia etc.; e isto
ficou patente quando comecei a estudar a questão sedevacantista (não que hoje
eu saiba profundamente estes conceitos, mas se tornaram mais acessíveis e
claros). E, no começo, via o sedevacantismo com muito preconceito, era algo
herdado. Não passava de elucubrações de deslumbrados, pensava! Entretanto, com
o expurgar prejulgamentos e preconceitos, coloca-se o sedevacantismo no seu
devido lugar: constatação teológica ou conclusão teológica, e NÃO
como manual prático de vida, como pensam muitos, e compreendi que eu estava
errado. O pronunciamento da Igreja não pode conter erro/s contra a fé e a moral nem pode ser ambíguo ou duvidoso. A Igreja é Santa e
Indefectível, portanto, JAMAIS PODE NOS DAR O ERRO NEM SEQUER NOS CONDUZIR A
ELE. Tudo se encaixou – com a explicação sedevacantista – para que eu pudesse
entender a situação em que estamos hoje: crise religiosa absurda e única em sua
dimensão, que tem como causa suprema a ausência do Soberano Pontífice: “ferido
o Pastor, as ovelhas se dispersarão”,
disse Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pois bem. Primeiramente, temos que entender e
aceitar que o sedevacantismo NÃO É MANUAL PRÁTICO PARA AGIR EM TEMPOS DE
CRISE, ou casuística moral, ou qualquer outra afirmação que não seja
esta: conclusão teológica ou constatação teológica. Infelizmente,
muitos querem fazer (ou exigir) do sedevacantismo um manual prático para agir
diante de tamanha crise religiosa. NÃO
É ISTO, POR FAVOR! O sedevacantismo é apenas e tão somente uma conclusão certa e demonstrável extraída da Sagrada Escritura e da Tradição (nesta está incluído o ensinamento do Magistério Imaculado da Igreja), pela qual se conclui que os
que professam e/ou promovem publicamente o erro ou a heresia não podem ser
membros da Igreja, e se não são membros, que autoridade têm eles sobre os
fieis?
Enfim, para evitar aquelas perguntas
“insolúveis” que muitos antissedevacantistas exigem dos sedevacantistas, basta
saber que, em tempos como os nossos, devemo-nos lembrar destas citações:
Dom
Guéranger: “[...] Que Décio, por sua violência, produza a vacância da
Sede no assédio a Roma por quatro anos, que surja um cisma com antipapas
gozando de certo apoio popular, ou pela política dos príncipes, se
questiona durante um tempo a legitimidade de alguns papas, O ESPÍRITO SANTO
PERMITIRÁ A PROVA, E ASSIM A FÉ DOS FIEIS SE FORTALECERÁ ENQUANTO DURE, E, POR
ÚLTIMO, NO TEMPO ASSINALADO, VIRÁ O ELEITO, E A IGREJA O RECEBERÁ COM ACLAMAÇÃO”
(Ano Litúrgico, ed., 1867, Quarta-feira de Pentecostes).
Eis aí a
resposta dada pelo venerável dom Guéranger às perguntas “insolúveis” dos
antissedevacantistas: MANTER A FÉ INTOCÁVEL, e, acrescentamos, OBSERVAR OS MANDAMENTOS.
Nesta
atitude devemos permanecer quanto tempo Deus permitir, pois como disse o
Papa Paulo IV: se um usurpador fosse eleito ilegitimamente, a sede estaria
vacante “qualquer que fosse a duração desta situação” (Cum Ex Apostolatus, § 6).
Em boa
hora, esta citação profética, que responde a alguns questionamentos dos
antissedevacantistas quanto à visibilidade da Igreja: “A Igreja, sociedade sem
dúvida sempre visível, será cada vez mais reduzida a proporções
simplesmente individuais e domésticas.” (Cardeal Pio, em “Le chrétien
au combat pour le règne de Dieu”, 1859)
Enfim,
quanto à afirmativa infeliz de muitos, qual seja, “os sedevacantistas se
autoafirmam a Igreja visível ou o que permaneceu dela”, ponho abaixo a citação de alguém com muita autoridade para eles e que não aderiu explicitamente ao sedevacantismo, e pergunto aos que atacam os que adotam o sedevacantismo se a pessoa
citada abaixo também fazia profissões temerárias e absurdas?
“Eu vos pergunto: onde estão os verdadeiros sinais da Igreja? ESTÃO ELES
NA IGREJA OFICIAL (não se trata de Igreja visível, mas da Igreja oficial) ou
CONOSCO, NO QUE REPRESENTAMOS, NO QUE SOMOS? É EVIDENTE QUE SOMOS NÓS QUE
GUARDAMOS A UNIDADE DA FÉ, QUE DESAPARECEU DA IGREJA OFICIAL. Um Bispo acredita
nisso, outro já não acredita, a fé é diversa, seus catecismos abomináveis estão
cheios de heresias. Onde está a unidade da fé em Roma?
Onde está a unidade da fé no mundo? FOMOS NÓS QUE A GUARDAMOS. A unidade
da fé espalhada no mundo inteiro é a catolicidade. ORA, ESTA UNIDADE DA FÉ NO
MUNDO INTEIRO, NÃO EXISTE MAIS, NÃO EXISTE MAIS CATOLICIDADE. Existem tantas
Igrejas católicas quantos Bispos e Dioceses. Cada um possui sua maneira de ver,
de pensar, de pregar, de fazer seu catecismo. NÃO EXISTE MAIS CATOLICIDADE.
E A APOSTOLICIDADE? ELES ROMPERAM COM O PASSADO. Se eles fizeram algo,
foi exatamente isso. Eles não desejam mais o que é anterior ao Concílio
Vaticano II. Vede o Motu Proprio do Papa que nos condena,
ele diz muito bem: “a Tradição viva é o Vaticano II”: não se deve reportar mais
a fatos anteriores ao Vaticano II, isso não significa nada. A Igreja guarda a
Tradição de século em século. O que passou passou, desapareceu. Toda a Tradição
encontra-se na Igreja de hoje. Qual é esta Tradição? A que ela se liga? Como
ela se liga ao passado?” (Dom Marcel Lefebvre)