Decadência.
Essa é a palavra chave dos tempos atuais. Decadência nas artes, na filosofia,
na literatura, na música que se escuta massivamente, nas religiões, na escala
de valores das pessoas. Simulação de
capitalismo competitivo quando na realidade cada dia mais as megacorporações
concentram mais dinheiro e poder, e dominam cada vez mais o universo econômico.
Isto implica uma incapacidade progressiva da livre concorrência nos mercados em
crescimento. Escandalosas operações econômicas nas sombras, às vezes mudas,
secretas, e às vezes a céu aberto, que conspiram contra a suposta “liberdade”
da qual deveriam gozar os cidadãos de uma vastíssima quantidade de países – se é
que estes ainda existem em um sistema globalizado. Partidos políticos sem
diferenças. Esquerda e direita que se entrecruzam, trocam de papeis e se olham
no espelho, projetando a mesma imagem. Políticos cada dia mais parecidos, quase
clonados entre si. A verdadeira democracia, se houver, é somente remanescente
para questões cada dia mais municipais e de bairros... Os povos, em geral,
estão cada dia mais alheios às grandes políticas nacionais, que nada têm de
nacionais. Grande paradoxo dos sistemas que dizem respeitar o conceito de
democracia representativa e republicana... Basta ligar a televisão para ver
cada vez mais a repetição ao infinito, a toda hora, de crimes que se produzem
nas cidades, nas periferias, que ajudam a encobrir as verdadeiras notícias que
permanecem ocultas atrás do efeito hipnótico da televisão, onde, com algumas
honrosas exceções, se vê notícias-lixo travestidas de noticiário, de programa
periodístico, de espetáculo, de entretenimento, ou de paródia da própria
realidade que se copia e copia a si mesma, autogerando-se... A escravidão esmagadora
que se vive no mundo “moderno” se caracteriza pelo fato de ter que trabalhar
cada vez mais horas, cada vez por menos prazer e por um dinheiro que alcança, a
duras penas, um nível de vida – melhor dizendo, de consumo – difícil de manter.
O grande desenvolvimento tecnológico que se evidencia cada vez mais deve ser
tomado como outra manifestação da decadência que impera e do ocaso que se
avizinha, dada a invenção cada vez maior de tecnologias supérfluas e carentes
de valor. (...) somente se desperdiça talento humano para um consumo impossível.
Para nada! Em um mundo onde o ideal é o consumo, em uma sociedade baseada para
e pelo consumo, a liberdade não pode ser mais que mera aparência, uma quimera. (...)
Toda conspiração é secreta. Para os tontos, ou para os que falam por
falar, mesmo ignorando, para os que afirmam não acreditar em conspirações nem
teorias conspiratórias, basta lembrar-lhes de que a história oficial – “mentirosa
e enganadora”, como Honoré Balzac a chamava – não é mais que uma história de
conspirações vitoriosas. Alguém pode por acaso duvidar de que a revolução
(qualquer que seja), segundo a própria história oficial, não tenha nascido de
uma conspiração? Que guerra não se tramou em segredo? Que golpe de Estado não
foi concebido nas trevas?
(Nota do blogue:
Não há como negar o declarado neste excerto do livro Nadie Vio Matrix, de
Walter Graziano. Entretanto, pasma-nos a oposição feita pelo autor em reconhecer
que “o problema motor” seja religioso, e afirmando que seja econômico,
desinforma.)