sábado, 6 de abril de 2019

413ª Nota - Benefícios da Imaginação


Esses benefícios existem e são numerosos. Insistamos aqui apenas no papel da imaginação na formação do espírito e do coração.

a) DO PONTO DE VISTA INTELECTUAL. As ideias são abstratas e experimentamos dificuldades, enquanto nos falta uma cultura bastante sólida, para assimilá-las diretamente. Por isso é que a criança não as compreende bem, a não ser que sejam ilustradas pela imagem. Sabe-se, a este propósito, que importância adquiriram as imagens nos livros clássicos, e é daí, ainda, que derivam as lições de coisas, que, rigorosamente, nada mais são do que lições de imagens. Guardadas as devidas proporções, a criança, bem dotada, quanto à imaginação, fará progressos mais rápidos que a criança que dela seja desprovida, porque terá à sua disposição mais material em que apoiar seu pensamento e aplicar seu espírito.

b) DO PONTO DE VISTA MORAL, a imaginação é também de grande auxílio. Desenvolve na criança o gosto de aprender e o desejo de sucesso, nela representando em cores vivas as alegrias de seu êxito, a satisfação de seus pais e de seus mestres e as promessas de seu futuro. Ela alimenta a esperança, porque, infatigável, não cessa de abrir novas perspectivas. Ε até, em certo grau, cria o futuro, orientando-lhe o espírito e fixando-o numa direção, sonhando, de início, e depois, se a vontade for forte, seguida com perseverança. Quando se trata — coisa importante — de descobrir uma vocação, é à imaginação que se torna necessário dirigir-se, o mais das vezes: podem-se obter, assim, preciosas indicações.

BENEFÍCIO MAIOR AINDA: a imaginação ajuda a amar o bem e o belo, apresentando-os sob uma forma viva que acalenta o coração e facilita o esforço cotidiano. É a imaginação que nos torna sensíveis às misérias do outro, apresentando-as a nós com vivacidade: ela sustenta assim o espírito de devotamento e da caridade. Cria a simpatia e desenvolve a sociabilidade, ajudando a compreender e partilhar os sentimentos alheios. Frequentemente, os "corações áridos" nada mais são do que imaginações pobres.

PODEREMOS CONCLUIR, ENTÃO, DESTA RÁPIDA EXPOSIÇÃO, QUE A IMAGINAÇÃO É UM BEM MUITO PRECIOSO. NÃO SE DEVE, JAMAIS, TENTAR SUFOCÁ-LA. Mas é necessário restringi-la ou dirigi-la quando tende a consumir-se em quimeras ou devaneios malsãos, excitá-la, acalorá-la, quando naturalmente lenta e fria. POSTA A SERVIÇO DA RAZÃO, REGULADA E VIGIADA POR ELA, A IMAGINAÇÃO SÓ PODE CONTRIBUIR PARA TORNAR A VIDA MAIS FECUNDA, MAIS VIRTUOSA E MAIS BELA.

(Padre Régis Jolivet, Curso de Filosofia)