Esses benefícios existem e são
numerosos. Insistamos aqui apenas no papel da imaginação na formação do
espírito e do coração.
a) DO PONTO DE VISTA
INTELECTUAL. As ideias são abstratas e experimentamos dificuldades,
enquanto nos falta uma cultura bastante sólida, para assimilá-las diretamente.
Por isso é que a criança não as compreende bem, a não ser que sejam ilustradas
pela imagem. Sabe-se, a este propósito, que importância adquiriram as imagens
nos livros clássicos, e é daí, ainda, que derivam as lições de coisas, que,
rigorosamente, nada mais são do que lições de imagens. Guardadas as devidas
proporções, a criança, bem dotada, quanto à imaginação, fará progressos mais rápidos
que a criança que dela seja desprovida, porque terá à sua disposição mais
material em que apoiar seu pensamento e aplicar seu espírito.
b) DO PONTO DE VISTA
MORAL, a imaginação é também de grande auxílio. Desenvolve na criança o
gosto de aprender e o desejo de sucesso, nela representando em cores vivas as
alegrias de seu êxito, a satisfação de seus pais e de seus mestres e as
promessas de seu futuro. Ela alimenta a esperança, porque, infatigável, não
cessa de abrir novas perspectivas. Ε até, em certo grau, cria o futuro,
orientando-lhe o espírito e fixando-o numa direção, sonhando, de início, e
depois, se a vontade for forte, seguida com perseverança. Quando se trata —
coisa importante — de descobrir uma vocação, é à imaginação que se torna
necessário dirigir-se, o mais das vezes: podem-se obter, assim, preciosas
indicações.
BENEFÍCIO MAIOR AINDA: a
imaginação ajuda a amar o bem e o belo, apresentando-os sob uma forma viva que
acalenta o coração e facilita o esforço cotidiano. É a imaginação que nos torna
sensíveis às misérias do outro, apresentando-as a nós com vivacidade: ela
sustenta assim o espírito de devotamento e da caridade. Cria a simpatia e
desenvolve a sociabilidade, ajudando a compreender e partilhar os sentimentos
alheios. Frequentemente, os "corações áridos" nada mais são do que
imaginações pobres.
PODEREMOS CONCLUIR, ENTÃO, DESTA
RÁPIDA EXPOSIÇÃO, QUE A IMAGINAÇÃO É UM BEM MUITO PRECIOSO. NÃO SE DEVE,
JAMAIS, TENTAR SUFOCÁ-LA. Mas é necessário restringi-la ou dirigi-la quando
tende a consumir-se em quimeras ou devaneios malsãos, excitá-la, acalorá-la,
quando naturalmente lenta e fria. POSTA A SERVIÇO DA RAZÃO, REGULADA E VIGIADA
POR ELA, A IMAGINAÇÃO SÓ PODE CONTRIBUIR PARA TORNAR A VIDA MAIS FECUNDA, MAIS
VIRTUOSA E MAIS BELA.