Disse o irmão:
– Bem o disseste, pai, e agora te
suplico que também me digas como a continência extingue a concupiscência.
Respondeu-lhe o ancião:
– Porque faz com que nos abstenhamos de
todas aquelas coisas que não satisfazem uma necessidade, senão que somente
produzem prazer; e faz com que não participemos de nenhuma outra coisa senão as
necessárias para viver; e faz buscar não as coisas agradáveis, mas as
necessárias; mede a comida e a bebida de acordo com a necessidade, e não
permite ao corpo uma moleza supérflua; e também só a vida do corpo,
protegendo-o da perturbação do impulso carnal. É assim que a continência
extingue a concupiscência. O prazer e a saciedade dos alimentos e bebidas
reaquecem o ventre e acendem o impulso para o desejo vergonhoso, e impelem o
animal inteiro à união ilegítima. Então se tornam impudicos os olhos, e sem
freio a mão, e diz coisas a língua que afagam o ouvido, e acolhe o ouvido
palavras vãs, e despreza a Deus, e comete a alma, mentalmente, o adultério,
incitando o corpo à ação ilícita.
(São Máximo, o Confessor, em Centúrias sobre
a Caridade e outros Escritos Espirituais)