segunda-feira, 21 de novembro de 2016

269ª Nota - Diálogo Ascético


Disse o irmão:
– Bem o disseste, pai, e agora te suplico que também me digas como a continência extingue a concupiscência. 
Respondeu-lhe o ancião:
– Porque faz com que nos abstenhamos de todas aquelas coisas que não satisfazem uma necessidade, senão que somente produzem prazer; e faz com que não participemos de nenhuma outra coisa senão as necessárias para viver; e faz buscar não as coisas agradáveis, mas as necessárias; mede a comida e a bebida de acordo com a necessidade, e não permite ao corpo uma moleza supérflua; e também só a vida do corpo, protegendo-o da perturbação do impulso carnal. É assim que a continência extingue a concupiscência. O prazer e a saciedade dos alimentos e bebidas reaquecem o ventre e acendem o impulso para o desejo vergonhoso, e impelem o animal inteiro à união ilegítima. Então se tornam impudicos os olhos, e sem freio a mão, e diz coisas a língua que afagam o ouvido, e acolhe o ouvido palavras vãs, e despreza a Deus, e comete a alma, mentalmente, o adultério, incitando o corpo à ação ilícita.  

(São Máximo, o Confessor, em Centúrias sobre a Caridade e outros Escritos Espirituais)