“Há
duas histórias, a oficial, mentirosa, Ad Usum Delphini, e a
secreta, em que estão as verdadeiras causas dos acontecimentos, história
vergonhosa.” (Balzac, Les Illusions Perdues – t.III)
Depois de caído
Portugal sob o dominio Espanhol, o número de famílias judaicas no Brasil não
cessou de aumentar*. No reinado de Filipe III, o alvará de 4 de abril de 1601,
conseguido pelo Kahal a peso de ouro, e a bula papal de 23 de agosto de 1604,
que custou à judiaria um milhão e seiscentos mil cruzados, permitiram aos
cristãos-novos deixar as terras peninsulares e sair dos cárceres
inquisitoriais. Mal se apanharam soltos, foram vendendo o que tinham e fugindo.
Assim, quando veio a cobrança do que haviam prometido dar pelo alvará e pela
bula, o rei não conseguiu receber nem a metade. Indignado, o soberano revogou a
licença de salda e estabeleceu a obrigatoriedade dos engenhos brasileiros. Da
Holanda se mandavam por ano, para o Brasil, 3 a 4 mil Bíblias em hebraico, como
já vimos que eram mandadas para a Índia, o que documentam as denunciações do
Santo Ofício. Para o Brasil e para a Europa, o século XVI fora o do
pau-de-tinta, das anilinas, por assim dizer; o século XVII foi o do açúcar. Nas
primeiras décadas do centenário, o desenvolvimento da indústria açucareira se
tornou impetuoso. Em 1610, segundo um viajante observador, era o único meio de
vida. Os preços subiam ao ponto de criar nos senhores de engenho esse delirio
de gastos, grandezas e luxo, que vimos contemporaneamente nos donos de
seringais da Amazônia e nos fazendeiros de café... É o que dizem os cronistas:
Cardim, Soares, Barlaeus, Frei Vicente. Segundo os estudos de J. Lúcio de
Azevedo, em 1610, a produção de açúcar foi de 735 mil arrobas, no valor de 1.500
contos, soma respeitável para a época. O trabalho braçal do escravo, a fortuna
dos fidalgos e sua iniciativa, bem como as de outros portugueses cristãos,
criaram no Brasil o Empório do Açúcar. Nas trevas, unidos os de Portugal, os da
colônia nascente e os da Holanda pelos seus Kahals, os judeus exploram essa
riqueza como intermediários, armadores, especuladores, fornecedores de
capitais, onzeneiros cruéis. Mas isso ainda não é bastante para eles: precisam
apoderar-se do empório, dominá-lo completamente, fazer pesar sua mão-de-ferro
sobre os ricos e senhores de engenho, orgulhosos de sua linhagem e de sua
crença, e tirar vingança dos soberanos peninsulares, arrancando precioso florão
de sua coroa. Os Estados Gerais da Holanda, regurgitando de ouro judaico,
podiam iniciar a desagregação do império colonial luso-espanhol, conquistando o
Brasil, terra do açúcar, e Angola, terra do escravo que plantava a cana, aquém
e além Atlântico. Que têm sido sempre o judeu senão o fermento desagregador dos
impérios e das civilizações? Ele faltaria ao chamamento do seu destino, se não
tentasse abocanhar o empório do açúcar, com expedições pagas e companhias
organizadas com o dinheiro ganho com o próprio açúcar...
*
Solidonio Leite Filho, “Os judeus do Brasil”, 1923, pág. 49. Os portugueses da
Bahia eram geralmente de raça judia, observou o viajante Froger, no fim do
século XVII. Cf. Taunay, "Na Bahia Colonial, pág. 291. Por isso, antes
dele, diz outro viajante, Pyrard de Laval, eram na maioria, criminosos ou
falidos. Como a indústria judaica de falência é antiga!
(Excerto
de A História Secreta do Brasil, de
Gustavo Barroso, Vol. 1)