sexta-feira, 18 de março de 2016

155ª Nota - A Bíblia é necessária?


Os próprios apologistas católicos acentuaram o fato de que, mesmo que a Bíblia subitamente desaparecesse da terra, por efeito de alguma grande calamidade, isso não afetaria uma só doutrina da Igreja Católica, nem poria em risco a sua existência. Deve ser notado que, na estimativa dos católicos, semelhante perda seria uma grande calamidade. Eles consideram a posse da Bíblia como uma grandíssima bênção. Mas, ao mesmo tempo, declaram que a Bíblia não é necessária à existência da Igreja Católica ou à continuidade da sua missão junto à humanidade.
Desde o começo poderíamos ser lembrados, de que, se a Bíblia não desapareceu da face da terra, devemo-la à Igreja Católica; porque foi ela quem a preservou em forma manuscrita no correr dos primeiros séculos. Porém aspecto muito mais importante do assunto deve ser aqui considerado.
A real afirmação em discussão é de todo evidentemente verdadeira; porque a Igreja Católica existiu antes que uma linha sequer do Novo Testamento tivesse sido escrita; e, se ela pode existir então, sem dúvida poderia existir e ter continuado existindo se nem uma linha dos evangelhos e do resto do Novo Testamento houvesse sido jamais confiada à escrita.
Devemos lembrar-nos de que as tremendas notícias do nascimento de Nosso Salvador e da realização, por ele, da nossa redenção foram tornadas conhecidas desde o começo pela pregação dos Apóstolos; e, certamente, aos três mil convertidos pelo primeiro sermão de São Pedro em Jerusalém não foram dados Novos Testamentos! Nos Atos dos Apóstolos, escritos cerca de sessenta e três anos depois do nascimento de Cristo, temos editada a observação de que, quando São Pedro tinha completado o seu primeiro discurso em público, “o Senhor fazia crescer diariamente na Igreja o número dos que haviam de ser salvos” (At. 2, 47). E já vimos a afirmação, num versículo anterior, de que os primeiros cristãos “perseveravam todos na doutrina dos Apóstolos” (At. 2, 42). Assim, a Igreja existia então, embora nem uma linha do Novo Testamento houvesse sido ainda escrita. E, no entanto, aqueles primeiros membros da Igreja eram tão cristãos como os dos séculos posteriores que tiveram a boa fortuna de possuir cópias dos evangelhos.

(Excerto de “A Teoria de ‘A Bíblia somente’”, Padre Dr. L. Rumble, MSC)