• Estado
invisível dentro do Estado legítimo
LEÃO XIII: Esta
seita (a Maçonaria), que abrange em sua rede imensa quase todas as nações, se
associa a outras seitas que move com fios ocultos, alimentando seus membros com
o engodo das vantagens que lhes proporciona, e curva os governantes aos seus
desígnios, com promessas ou com ameaças, chegando a infiltrar-se em todas as
classes sociais e a formar quase um Estado invisível e irresponsável dentro do
Estado legítimo. Cheia do espírito de Satanás, que, como disse o Apóstolo, sabe
no momento oportuno transformar-se em anjo de luz (2 Cor. 11, 14), afeta fins
humanitários, mas tudo aproveita para seus objetivos sectários; e embora declare
não ter vistas políticas, exerce larga ação no movimento legislativo e
administrativo do Estado. Enquanto professa respeito à autoridade constituída e
à Religião, tem por finalidade suprema (conforme o atesta seu regulamento) o
extermínio do governo e do sacerdócio, por considerá-los inimigos da liberdade.
(Encíclica "Parvenu à la vingt-cinquième année", de 19-III-1902).
***
• Dever
principal dos fiéis: propagar a verdade e eliminar da Igreja o erro
LEÃO XIII: O
encargo de pregar, isto é, de ensinar, compete por direito divino aos mestres
que o "Espírito Santo instituiu Bispos para governar a Igreja de
Deus" (At. 20, 28), e principalmente ao Romano Pontífice, Vigário de Jesus
Cristo, colocado à frente da Igreja Universal com poder supremo, como mestre de
quanto se há de crer e praticar. Entretanto, não julgue ninguém que se proíbam
os particulares de cooperar de certa maneira nesta atividade, particularmente
os que Deus dotou de inteligência e desejo de se tornarem úteis. Sempre que a
necessidade o exigir, podem eles muito bem, não certamente arrogar-se o papel
de Doutores, mas comunicar aos outros o que aprenderam, e ser como que o eco da
voz dos mestres. Aliás, a cooperação dos particulares pareceu aos Padres do
Concilio do Vaticano tão oportuna e frutuosa que julgaram até dever reclamá-la
formalmente: "A todos os fiéis, principalmente aos que detêm autoridade ou
têm encargo de ensinar, suplicamos pelas entranhas de Jesus Cristo, e ordenamos
em virtude da autoridade desse mesmo Deus e Salvador nosso, que apliquem seu
zelo e ação para afastar e eliminar da Santa Igreja esses erros e difundir a
luz puríssima da Fé" (Const. "Dei Filius", sub. fin.).
Ademais, lembre-se cada qual de que pode e deve
disseminar a Fé católica pela autoridade do exemplo, e pregá-la pela constância
de sua profissão. Deste modo, entre as obrigações que nos ligam a Deus e à
Igreja está em primeiro lugar o zelo com que cada qual, conforme suas forças,
deve aplicar-se em propagar a verdade cristã e repelir os erros. — (Encíclica
"Sapienti ae Christianae", de 10-1-1890).
***
•
Necessária a contemplação quotidiana das verdades eternas
S. PIO X: Embora
sejam veneráveis e augustas as funções do sacerdócio, pode acontecer,
entretanto, que ao exercê-las os que as desempenham vão perdendo, com o tempo,
algo daquele religioso respeito que elas exigem. E a diminuição gradual de seu
fervor os coloca facilmente no plano inclinado da tibieza e no desgosto das
coisas mais santas. E a isto acrescentai a contingência, em que está o Padre,
de passar a vida, por assim dizer, no meio de uma sociedade má, de sorte que,
muitas vezes, até praticando a caridade pastoral há de temer as insídias
ocultas da serpente infernal. É de admirar que até almas religiosas se manchem
ao contacto com a poeira do mundo? Daí a grave necessidade que tem o Padre de,
cada dia, voltar-se para a contemplação das verdades eternas, a fim de que, por
esta renovação constante de vigor, se fortifique seu espírito e sua vontade
contra as seduções do século. — (Exortação ao Clero católico "Haerent
animo", de 4-VIII-1908).
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• Para
eficácia do apostolado externo, dediquem-se todos ao apostolado da oração
PIO XII: Se o
apostolado da oração e o do bom exemplo produzem por si mesmos seu fruto, e se
bastam quase a si próprios, o mesmo não se pode dizer de certos outros gêneros
de apostolado. Com efeito, estes já exigem, de quem a eles se entrega, o
espírito de oração e o exemplo perfeito de vida cristã, como se diz nas
constituições de vossa Associação (P. X, n. 2, Epítome n. 847, § 2). "É
pelas coisas interiores (isto é, pelas virtudes sólidas e pelo estudo das
coisas espirituais) que se pode dar eficácia às exteriores, segundo o fim que
nos é proposto", como o ensina muito bem a experiência de todos os dias.
Eis porque desejamos vivamente que todos os que se
aplicam às obras externas de apostolado se dediquem ao apostolado da oração e
se impregnem de seu espírito: Clérigos e leigos, homens e mulheres, auxiliares
do apostolado hierárquico na Ação Católica ou noutras associações.
Na verdade, é eminentemente desejável que se
pratique o apostolado da oração segundo a forma que lhe foi dada por vossa
piedosa Associação. — (Alocução aos Diretores do Apostolado da Oração, de
27-IX-1956).
***
•
Alucinações de soldados covardes ou traidores
S. PIO X: Estão,
pois, muito equivocados os que acreditam possível e esperam para a Igreja em
estado permanente de plena tranquilidade, de prosperidade universal, e um
reconhecimento prático e unânime de seu poder, sem contradição alguma; porém, é
pior e mais grave o erro daqueles que se iludem pensando que alcançarão essa
paz efêmera mediante a dissimulação dos direitos e interesses da Igreja,
sacrificando-os aos interesses privados, diminuindo-os injustamente,
comprazendo ao mundo, "no qual domina inteiramente o demônio" (1 Jo.
5, 19), com o pretexto de captar a simpatia dos fautores de novidade e
atraí-los à Igreja, como se fora possível a harmonia entre a luz e as trevas,
entre Cristo e o demônio. Trata-se de sonhos doentios, de alucinações que sempre
ocorreram e ocorrerão enquanto houver soldados covardes que deponham as armas à
simples presença do inimigo, ou traidores que pretendam a todo custo fazer as
pazes com os opositores, a saber, com o inimigo irreconciliável de Deus e dos
homens. — (Encíclica "Communium Rerum", de 21-IV-1909).
***
• Lícito
defender a nação contra os usurpadores do poder público que a arrastam à ruína
PIO XI: Mais de
uma vez tendes recordado a vossos filhos que a Igreja fomenta a paz e a ordem,
mesmo à custa dos maiores sacrifícios, e que condena toda insurreição violenta
que seja injusta, contra os poderes constituídos. Por outra parte, tendes
afirmado que, caso esses poderes constituídos se levantassem contra a justiça e
a verdade a ponto de destruir os próprios fundamentos da autoridade, não se
poderia então condenar que os cidadãos se unissem para defender a nação e a si
próprios, com meios lícitos e apropriados, contra os que se valem do poder
público para arrastá-la à ruína.
É verdade que a solução prática depende das circunstâncias
concretas. Contudo, é dever Nosso recordar-vos alguns princípios gerais, que
devereis ter sempre presentes e que são:
1. — Que estas reivindicações têm razão de meio ou
de fim relativo, não fim último e absoluto.
2. — Que em sua razão de meio devem ser ações
lícitas e não intrinsecamente más.
3. — Que, se os meios hão de ser proporcionados ao
fim, sejam empregados somente na medida que baste para consegui-lo ou torná-lo
possível em todo ou em parte, e de tal modo que não tragam à comunidade danos
maiores do que os que se querem reparar.
4. — Que o uso de tais meios e o exercício dos
direitos civis e políticos em toda a sua amplitude, incluindo também os
problemas de ordem puramente material e técnica ou de defesa violenta, não é de
modo algum incumbência do Clero ou da Ação Católica como instituições; — embora
também a um e outra caiba preparar os católicos para fazer reto uso de seus
direitos e defende-los por todos os meios legítimos, conforme o exige o bem
comum.
5. — Que o Clero e a Ação Católica, estando, por
sua missão de paz e de amor, consagrados a unir todos os homens "in
vinculo pacis" (Efes. IV, 3), devem contribuir para a prosperidade da
nação, principalmente fomentando a união dos cidadãos e das classes sociais e
colaborando em todas aquelas iniciativas sociais que não se oponham ao dogma ou
às leis da moral cristã. — (Encíclica "Firmissimam Constantiam", de
28- III-1937, sobre a situação religiosa no México).