domingo, 19 de agosto de 2018

378ª Nota - O Espírito do Capitalismo_2



“A Religião foi dada por Deus para que o homem, fiel a seus preceitos e ao cumprimento de sua vida sacramental, ordene sua existência na terra e prepare sua alma para a vida eterna. A astúcia do demônio foi fazer crer aos homens que podiam ter uma religião privada, sem apoio institucional nem organização comunitária. Era a tentação da religião pura, autônoma e que cada um podia cultivar na ilha fechada de sua intimidade. A relação de Deus com o homem isolado no santuário de uma sociedade onde cada indivíduo é rei e sacerdote ao mesmo tempo. Nada mais apropriado para exaltar a soberba e perder para sempre os influxos saudáveis de uma dogmática e ordem sacramental objetivas. Estas três atividades do espírito: ciência, política e religião, ao se rebelar da ordem posta pela tradição revelada, creram conquistar jurisdições autônomas, livres, independentes, porém em realidade, a política e a ciência, foram submetidas mui prontamente aos critérios econômicos e a religião, antes de converter-se em uma esperança de salvação pela graça de economia, desenvolve no seio do ‘sentimentalismo’ religioso a ideia de que o homem é o artífice de sua transfiguração essencial.”
(Rúben Calderón Bouchet, O Espírito do Capitalismo)