“O burguês inventou o liberalismo para destruir a antiga ordem social. A
sociedade burguesa desconheceu a existência dos direitos de Deus e ao exaltar
aqueles puramente abstratos do homem e do cidadão, deu a este o poder de
converter suas ilusões em verdades últimas para lança-lo, em total desapego do
real, sobre a miragem de uma justiça fabricada com sonhos, ressentimentos e
falsas expectativas. Em um mundo que deixou de ser mensagem de uma inteligência
criadora, a contemplação desapareceu. A conduta prática carece de uma ordem
objetiva transcendente e portanto não existe uma sabedoria reguladora da
conduta, nem uma natureza livre ordenada para seu bem último. Arte burguesa e
arte proletária são duas modalidades de trabalho intrinsecamente pervertidos
pela influência do afã exclusivo pelos bens materiais.”
“É lei psicológica que os homens desenvolvem uma
agudeza particular para captar com acuidade tudo que cai no terreno de seus interesses
e, ao mesmo tempo, parecem afetados por uma radical imbecilidade para tudo que
exceda os limites de seu restrito campo de ação.”
“...o mundo burguês é o resultado lamentável de sua
horrível clausura espiritual.”
(Rúben Calderón Bouchet, O Espírito do Capitalismo)