"É aqui que o
folclore toma sua verdadeira significação. Em uma sociedade que ignora as
tradições mais sãs e mais fecundas, ele se esforça por guardar uma continuidade
viva, não imposta de fora, mas originada da alma profunda das gerações, que
nela reconhecem a expressão de suas aspirações próprias, de suas crenças, de
seus desejos e de seus pesares, as lembranças gloriosas do passado e as esperanças
do porvir" (Pio XII).
Para certa corrente sectária existente
em nosso meio, o folclore se reduz ao estudo das superstições africanas e
indígenas das mais baixas camadas sociais, e os tristes progressos das macumbas
e dos "terreiros" são devidos em grande parte a esses exploradores de
imundícies, que detêm em suas mãos poderosos meios de propaganda. O verdadeiro
folclore é elemento de vida, e não de morte das culturas. "É preciso não
perder de vista que nos países cristãos, ou que o foram outrora, a fé religiosa
e a vida popular formavam uma unidade comparável à unidade da alma e do corpo.
Ali onde essa unidade hoje se dissolveu, ali onde a fé enlanguesceu, privadas
de seu princípio vital manter-se-ão e renovar-se-ão as tradições populares,
ainda que artificialmente? Nas regiões em que essa unidade ainda se conserva, o
folclore não é portanto uma sobrevivência curiosa de uma época extinta, mas uma
manifestação da vida atual que reconhece o que deve ao passado, tenta
continuá-lo e adaptá-lo inteligentemente às novas situações" (Pio XII).