A conclusão que se impõe é a necessidade
de santificarmos todas e cada uma das nossas ações, mesmo as mais comuns.
Conforme dissemos, todas podem ser meritórias, se as fizermos com miras
sobrenaturais, em união com o artífice de Nazaré, que, trabalhando na sua
oficina, não cessava de merecer por nós. E, sendo assim, quanto progresso não
podemos realizar num só dia! Desde que nos levantamos até ao momento de repousar,
são às centenas os atos meritórios que uma alma recolhida e generosa pratica,
porque não só cada ação, mas, quando a ação se prolonga, cada esforço para a
realizar melhor – por exemplo, para afastar as distrações na oração, para
aplicar a atenção ao trabalho, para evitar uma palavra pouco caritativa, para
prestar ao próximo o menor serviço, – cada palavra inspirada pela caridade,
cada bom pensamento, em resumo, todos os movimentos interiores da alma
livremente dirigidos para o Bem, são outros tantos atos meritórios que fazem
crescer Deus e a graça na nossa alma.
Podemos, pois, dizer com toda a verdade,
que não há meio mais eficaz, mais prático, mais ao alcance de todos para se
santificarem do que sobrenaturalizar todas as ações. Este meio basta só por si,
para elevar uma alma em pouco tempo a um alto grau de santidade. Sendo assim,
podemos dizer que cada ato é uma semente de graça, pois faz germinar e crescer
a graça na nossa alma, e um germe de glória, pois aumenta ao mesmo tempo os
nossos direitos à beatitude celeste.
Concluindo: o meio prático de converter
todos os nossos atos em méritos é recolhermo-nos um momento antes de agir,
renunciarmos positivamente a toda a intenção natural ou má, unirmo-nos,
incorporarmo-nos em Cristo, nosso modelo e cabeça, com o sentimento da nossa
fraqueza, e oferecermos por Ele a nossa ação a Deus para sua glória e bem das
almas. Assim entendido, o oferecimento frequentemente renovado das nossas ações
é um ato de renúncia, de humildade, de amor a Cristo, de amor de Deus, de amor
do próximo; é um atalho para chegarmos à perfeição e para aumentarmos sem
cessar a nossa vida sobrenatural.
Tais são os principais meios de
corresponder à graça e de aumentar em nós a participação da vida divina, que é
o tesouro mais precioso da nossa alma. Ponhamos, pois, em prática o conselho de
São João: ‘Que aquele que é justo se torne mais justo ainda, e que aquele que é
santo se santifique ainda mais’ (Apoc., XXII, 11).
(Padre Adolphe Tanquerey)