sábado, 20 de outubro de 2018

402º Nota - A discórdia entre os cardeais Manning e Newman



Não era o apostolado na aristocracia, aliás, o único ponto de discórdia entre Manning e Newman. O primeiro considerava a cultura inglesa uma filha dileta do protestantismo, e dela desejava afastar os fiéis, mostrando-lhes a superioridade da cultura católica que ele pregava e difundia na sua mais pura ortodoxia. Não admitia, como o Padre Newman, que os católicos usassem os meios de formação intelectual protestantes, a não ser como um mal menor enquanto não pudessem, eles mesmos, formar os seus dirigentes. O Padre Newman desejava que os católicos se infiltrassem nas grandes universidades a fim de conquistá-las para a Igreja, esquecido do evidente perigo a que essa tática exporia a fé dos jovens que a elas se dirigissem.

Essas divergências no modo de conceber o apostolado eram, evidentemente, consequência da mais profunda oposição de princípios. Manning via com preocupação a orientação de Newman, pois — dizia — "temo um certo catolicismo inglês do qual Newman é o mais qualificado representante. É o velho tom anglicano, patrístico e literário, transplantado para a Igreja. O que nos salvará das opiniões minimalistas sobre a Mãe de Deus e o Vigário de Nosso Senhor é o milhão de irlandeses que vivem na Inglaterra. Fico satisfeito ao ver que eles não têm nenhum gosto por esse catolicismo aguado, literário e mundano de certos ingleses".

O apostolado do Cardeal Wiseman fora sempre dirigido por essas idéias sadias. O êxito impressionante que ele teve com a restauração da Hierarquia inglesa, apesar da hostilidade ativa dos protestantes e do pessimismo dos velhos católicos conformistas, não permitia que se acusasse o Padre Manning de estar tentando métodos não comprovados pela experiência. O Cardeal e seu colaborador afastaram o Padre Newman do apostolado que ambos dirigiam, e construíram o esplêndido movimento católico inglês que no século passado elevou o nome da Inglaterra nos fastos da Igreja.