Não era o
apostolado na aristocracia, aliás, o único ponto de discórdia entre Manning e
Newman. O primeiro considerava a cultura inglesa uma filha dileta do
protestantismo, e dela desejava afastar os fiéis, mostrando-lhes a
superioridade da cultura católica que ele pregava e difundia na sua mais pura
ortodoxia. Não admitia, como o Padre Newman, que os católicos usassem os meios
de formação intelectual protestantes, a não ser como um mal menor enquanto não
pudessem, eles mesmos, formar os seus dirigentes. O Padre Newman desejava que
os católicos se infiltrassem nas grandes universidades a fim de conquistá-las
para a Igreja, esquecido do evidente perigo a que essa tática exporia a fé dos
jovens que a elas se dirigissem.
Essas
divergências no modo de conceber o apostolado eram, evidentemente, consequência
da mais profunda oposição de princípios. Manning via com preocupação a
orientação de Newman, pois — dizia — "temo um certo catolicismo inglês do
qual Newman é o mais qualificado representante. É o velho tom anglicano,
patrístico e literário, transplantado para a Igreja. O que nos salvará das
opiniões minimalistas sobre a Mãe de Deus e o Vigário de Nosso Senhor é o
milhão de irlandeses que vivem na Inglaterra. Fico satisfeito ao ver que eles
não têm nenhum gosto por esse catolicismo aguado, literário e mundano de certos
ingleses".
O
apostolado do Cardeal Wiseman fora sempre dirigido por essas idéias sadias. O
êxito impressionante que ele teve com a restauração da Hierarquia inglesa,
apesar da hostilidade ativa dos protestantes e do pessimismo dos velhos
católicos conformistas, não permitia que se acusasse o Padre Manning de estar
tentando métodos não comprovados pela experiência. O Cardeal e seu colaborador
afastaram o Padre Newman do apostolado que ambos dirigiam, e construíram o
esplêndido movimento católico inglês que no século passado elevou o nome da
Inglaterra nos fastos da Igreja.